Nos grandes museus de arte, as mulheres ainda estão atrás dos homens

Google disponibiliza exposição virtual sobre o papel da mulher na Cultura.

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Dos 33 principais museus dos Estados Unidos e do Canadá, só cinco são liderados por mulheres AFP

As mulheres dirigem apenas um quarto dos maiores museus nos Estados Unidos e Canadá e ganham menos do que os homens que ocupam o mesmo lugar. As conclusões são do relatório da Associação de Directores de Museus de Arte, uma organização profissional, divulgado esta sexta-feira.

As conclusões deste relatório, que se baseou nos dados dos 217 membros da Associação de Directores de Museus de Arte, avaliando pela primeira vez, segundo o New York Times, a questão do género, foram conhecidas na véspera do Dia da Mulher, que se celebra este sábado. Estes são apenas mais uns números que vêm mostrar como, apesar dos avanços feitos no feminino a nível económico, social e político, ainda existem bastantes desigualdades entre géneros.

De acordo com este estudo, no que diz respeito à direcção de pequenos e médios museus, com orçamentos abaixo dos 15 milhões de dólares (10,8 milhões de euros), as mulheres estão em pé de igualdade com os homens, mantendo quase metade das direcções e ganhando praticamente o mesmo salário. No entanto, é quando saltamos para museus e instituições culturais maiores, que a desigualdade salta à vista.

Apenas 24% das instituições com orçamentos acima dos 15 milhões de dólares é dirigida por uma mulher. E dos 33 museus de arte mais proeminentes, só cinco têm mulheres ao leme. Como museus de arte mais proeminentes, entende-se aqueles com orçamentos superiores a 20 milhões de dólares (14,4 milhões de euros), como é o caso do Museu de Arte Moderna de Nova Iorque (MoMA), liderado por Glenn D. Lowry, ou do Museu Metropolitan de Nova Iorque (Met), que é dirigido por Thomas P. Campbell.

O estudo, realizado em parceira com o National Center for Arts Research, foi feito através de uma intensa pesquisa à situação actual dos museus, assim como à sua história, e ainda recorrendo a várias entrevistas a muitos dos responsáveis das instituições culturais. Os dados foram depois analisados por investigadores da área, que tentaram traçar a situação geral.

Apesar das desigualdades detectadas, o estudo nota que a situação é hoje melhor do que há 25 anos, assistindo-se a uma mudança no paradigma cultural, com o aparecimento da primeira geração de mulheres directoras. Resta perceber porque é que os números ainda são tão baixos, se por falta de oportunidade ou por falta de interesse das mulheres nestes cargos de topo.

A situação nas direcções dos museus não é porém muito diferente daquela que se encontra nas próprias colecções dos museus, constituídas maioritariamente por obras de arte assinadas por homens.

Mas este tema não é novo. Já no passado, Gemma Rolls-Bentley, uma curadora independente britânica, debruçou-se no top dos 100 artistas que mais venderam em 2012 e percebeu que nesta centena não surgia uma única mulher. Num estudo mais aprofundado, Rolls-Bentley chegou à conclusão de que, por exemplo, na Tate Modern, em Londres, 83% dos artistas representados são homens. E o seu estudo vai mais longe: estima-se que apenas cerca de 5% do trabalho apresentado nas principais colecções permanentes de todo o mundo é de mulheres.

Google destaca o papel da mulher na Cultura
Foi neste sentido que, assinalando o Dia da Mulher, o Google Cultural Institute, plataforma online da Google para a divulgação de conteúdos culturais, disponibiliza online a exposição O Papel da Mulher na Cultura. O objectivo é mostrar como a mulher teve ao longo dos séculos um papel determinante na evolução da Cultura, admitindo a empresa que tantas vezes os relatos históricos das mulheres foram ignorados.

Esta exposição está assim dividida em 12 núcleos, ou 12 exposições, criados a partir de conteúdos de novos parceiros do Google Cultural Institute e de parceiros já presentes neste serviço. A partir deste sábado podemos então mergulhar na vida de Frida Kahlo ou ficar a saber mais sobre a luta pelo direito das mulheres ao voto no Reino Unido.

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