Neruda e Allende na Fundação Saramago 40 anos após o golpe militar no Chile

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Pablo Neruda fotografado em 1971

A Fundação José Saramago assinala, quarta-feira, na Casa dos Bicos, em Lisboa, a passagem dos 40 anos da queda da democracia, no Chile, que conduziu à morte do antigo Presidente Salvador Allende e do poeta Pablo Neruda.

A iniciativa realiza-se em colaboração com a Fundação Mário Soares, e a programação divide-se em duas partes, com os primeiros dias dedicados a Salvador Allende e ao Chile, e os seguintes, a Neruda e à sua obra.
As conferências agendadas contam, na quarta-feira, com Fernando Rosas, Mario Dujisin e Pilar del Río, para falar de Salvador Allende e do Chile, e com Fernando Pinto do Amaral e Raquel Baltazar, no próximo dia 23, para celebrar a poesia de Neruda.

A exposição Chile: Memória Resgatada, com fotografias de Armindo Cardoso, fica patente na Fundação Mário Soares, a partir do próximo dia 19.
Um ciclo de cinema dedicado ao antigo Presidente chileno, realizado em parceria com o DocLisboa, vai integrar filmes de Patrício Guzmán, Paulina Costa e Carmen Castillo, a exibir nos dias 13, 16 e 17, e termina com a apresentação de O carteiro de Pablo Neruda ( Il Postino), de Michael Radford, a 23 de Setembro.

Ao longo de todo o dia 11, quarta-feira, será projectado o filme Salvador Allende (2004), do realizador chileno Patricio Guzmán, seguindo-se, às 18h30, a conferência sobre o Presidente deposto pelo golpe militar de 1973, liderado pelo chefe das Forças Armadas, Augusto Pinochet.

O golpe, que decorreu exactamente a 11 de Setembro de 1973, levou à queda da democracia constitucional, à morte de Salvador Allende e à imposição de uma ditadura militar, liderada pelo general Pinochet, até Março de 1990.
Salvador Allende, médico, fundou o Partido Socialista chileno, tendo sido eleito Presidente da República em 1970, morrendo a 11 de Setembro de 1973, durante o cerco ao palácio presidencial.

Pinochet manteve-se no poder até Março de 1990, depois de um referendo, em 1987, ter conduzido ao seu afastamento e ao regresso do Chile à democracia.
Durante os quase 17 anos de ditadura, segundo a Comissão de Verdade e Reconciliação e a Comissão Nacional sobre Prisão Política e Tortura do Chile, morreram, por motivos políticos, mais de 2200 pessoas e foram feitos cerca de 35 mil prisioneiros, quase todos vítimas de tortura.

Dos milhares de desaparecidos, 40 anos após o golpe, mais de 1200 pessoas, que se acredita estarem mortas, continuam por localizar, segundo números da Comissão de Verdade e Reconciliação do Chile.
No dia 23, quando passam 40 anos sobre a morte do poeta Pablo Neruda, “ao longo de todo o dia, [na Casa dos Bicos] será ouvido o CD 20 poemas de mesa y una castaña en el suelo (una antología caprichosa) [e] serão oferecidos poemas de Pablo Neruda aos visitantes”, diz o comunicado da FJS.

Às 16h00, será exibido um “filme relacionado com Pablo Neruda” seguindo-se, às 18h30, uma “sessão de leitura de poemas, em espanhol e português”
Neruda, que exerceu funções diplomáticas em Espanha, na Birmânia e no México, estreou-se literariamente em 1923, com Crepusculario.

O poeta, autor de cerca de 40 livros, dedicou à fadista Amália Rodrigues o soneto No te quiero sino porque te quiero.
Em 1971, recebeu o Prémio Nobel da Literatura. As suas memórias, Confesso que vivi, foram publicadas um ano depois da sua morte, sobre a qual há várias suspeitas, entre as quais a de ter sido morto pelas forças da ditadura.

No âmbito dos 40 anos da morte de Allende e de Neruda e da queda da democracia, o DocLisboa programou o ciclo 1973-2013, o Golpe de Estado no Chile 40 anos depois, que se realiza de 14 a 23 de Outubro, semana que antecede a edição do Festival.

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