Museu do Prado perdeu 50 % do orçamento público com a crise

A quebra dos apoios públicos no orçamento atingiu mais de cinquenta por cento nos últimos três anos.

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O Prado tem uma das maiores colecções de Goya AFP

O director do Museu do Prado, em Madrid, o mais importante museu nacional do país, revelou à agência Lusa que perdeu "mais de 50 por cento do orçamento público", devido à crise económica no país.

Questionado sobre o impacto da crise económica que também atingiu Espanha, Miguel Zugaza revelou que a quebra dos apoios públicos no orçamento atingiu mais de cinquenta por cento, nos últimos três anos.

"Sem dúvida que o museu foi afectado e sobretudo no financiamento público, mas conseguimos defender-nos com os nossos próprios recursos", indicou Miguel Zugaza, sublinhando que o museu espanhol tem autonomia administrativa.

Sobre a forma como fizeram face a esta difícil situação no museu - um dos mais visitados do mundo, com 2,9 milhões de entradas registadas em 2012 - Miguel Zugaza indicou que foi alcançado um equilíbrio através dos apoios dos mecenas privados e de receitas próprias. "Sobretudo tivemos o apoio da comunidade de amigos do museu, cuja dimensão é de 25 mil pessoas", apontou o director do Museu do Prado.

O Museu do Prado e o Museu Nacional de Arte Antiga, os principais museus dos dois países ibéricos, assinaram esta semana um acordo inédito de cooperação que vai permitir um maior intercâmbio de obras das respectivas colecções e de aprofundamento da investigação especializada.

Para Miguel Zugaza, este protocolo de colaboração "é também uma saída nestes momentos de dificuldade". "O trabalho dos museus gera uma boa economia, e é muito importante para avançar com a sociedade neste momento complicado", comentou.

Uma exposição com 60 pinturas do Museu do Prado, de Madrid, e o intercâmbio de obras de Bosch e Dürer são alguns dos pontos principais do protocolo, previstos, respectivamente, para Novembro deste ano e 2016.

Fundado em 1819 pelo rei Fernando VII, o Museu do Prado possui uma colecção de pintura desde o século XII até princípios do século XX e inclui os maiores acervos dos pintores Velásquez, Goya e Rubens, reunidos numa única instituição.

O seu acervo integra muitas das obras-primas da pintura europeia, como a Anunciação, de Fra Angelico, A Descida da Cruz, de Van der Weyden, O Jardim das Delícias, de Bosch, e David vencendo Golias, de Caravaggio.

O Prado acolhe também coleções de escultura antiga, artes decorativas, desenho, gravura e fotografia, com destaque para o maior conjunto do mundo de obras em papel da autoria de Goya.
 

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