Morreu o realizador catalão Bigas Luna

Aos 67 anos e com um cancro, o cineasta morreu na madrugada de sábado.

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Bigas Luna tinha 67 anos Ferminet (Creative Commons)

Trabalhou até aos últimos dias num filme que deixa por terminar. Bigas Luna, o realizador catalão de 67 anos com quem os actores Javier Bardem e Penélope Cruz começaram os seus percursos, morreu na madrugada deste sábado em sua casa, em Tarragona, junto à mulher e às três filhas.

Nascido em Barcelona a 10 de Março de 1946, Bigas Luna assinou cerca de 20 filmes, pelos quais foi várias vezes premiado, em vários festivais - do Fantasporto, onde recebeu o prémio da Crítica em 1983 por Caniche (1979), ao Festival de Veneza, onde ganhou o Leão de Prata em 1992 por Jámon, Jamón.

Fotógrafo profissional, Juan José Bigas Luna chegou ao cinema através da publicidade, do desenho e das artes plásticas. Entre 1974 e 1977 realizou várias curtas-metragens e documentários. Em 1978 assinou a sua primeira longa: Tatuagem, baseado num livro de Vázquez Montalbán. Ainda nesse ano, seguiu-se Bilbao - A História de um Fascínio (1979), o filme que o levou pela primeira vez a Cannes.

Apesar dessa ascenção, em 1987, com a morte do produtor Pepón Coromina, Bigas Luna deixou por alguns anos a realização. Foi no regresso, na década de 1990, que estreou alguns dos maiores êxitos da sua carreira, nomeadamente com filmes como As Idades de Lulú (1990), Jámon, Jámon (1992), Huevos de Oro (1993), A Teta e a Lua (1994), pelo qual voltou a ser distinguido em Veneza, desta vez com o prémio para melhor argumento.

O El País recordava este sábado a sua "contagiosa vitalidade, a sua curiosidade por tudo e o seu amor pela vida". "Ele viveu para os prazeres da terra e o seu cinema foi uma extenção desses prazeres." Em 1996, numa entrevista ao jornal La Vanguardia  recordada pela Lusa, Bigas Luna comentava: “Desde que o franquismo me fez cortar três cenas de Tatuagem não voltei a autocensurar-me. E cortar, só corto o chouriço da minha terra.”

Segundo o El País, até domingo passado o realizador estava a trabalhar em  El Mecanuscrit del Segon Origen, livro de Manuel de Pedrolo e o seu último desejo foi o filme fosse finalizado e dedicado ao seu único neto, Quim Lu. Ainda segundo este diário espanhol, por vontade expressa do realizadora, não haverá homenagens póstumas (para evitar tentações terá deixado este desejo por escrito e assinado perante notário).

Os últimos filmes que estreou foi Yo soy la Juani (2006) e Di Di Hollywood ?(2010).

 

 

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