Morreu o ensaísta e filósofo espanhol Eugenio Trías

Era um dos pensadores mais significativos das últimas três décadas. No conjunto da sua obra destaca-se o conceito da chamada "filosofia do limite."

Foto

O escritor e filósofo Eugenio Trías, um dos grandes ensaístas das últimas décadas em Espanha, morreu de cancro este domingo, aos 70 anos. O catalão morreu cerca das 15h espanholas (14h de Lisboa) no Hospital Clínic de Barcelona e o óbito do pensador da filosofia do limite foi confirmado pela Universidad Pompeu Fabra, também de Barcelona, na qual era catedrático há 20 anos, informa a agência de notícias espanhola EFE.

Nascido em Barcelona em 1942, aplicou as suas ideias nos campos da ética, da reflexão política, do pensamento histórico-filosófico, da teoria do conhecimento, da filosofia da religião, da ontologia e da arte e estética, sendo os dois últimos os seus âmbitos preferidos. Eugenio Trías, que estava doente há cinco anos, tem três obras traduzidas em Portugal: O Artista e a Cidade (ed. Fim de século, 2010), O Belo e o Sinistro (ed. Fim de século, 2006) e Conhecer Thomas Mann e a Sua Obra (ed. Ulisseia, 1980) 

Muitos dos seus livros são referências da filosofia espanhola do último meio século – o El Mundo diz mesmo que muitos críticos consideram que Trías é o mais importante pensador espanhol desde Ortega y Gasset –, como Tratado de la PasionO Belo e o Sinistro, Los Limites del Mundo ou La Edad del Espíritu. Entre a sua produção mais recente destacam-se títulos como El Canto de las Sirenas (2007) e La Imaginación Sonora (2010), com o qual obteve o Prémio Internacional de Ensaio Caballero Bonald. As duas últimas obras tinham como centro de reflexão a música, ao lado do cinema, uma das suas grandes paixões – deixou por publicar De Cine (editora Galaxia Gutenberg).

Da sua obra destacam-se conceitos como o de limite, que expôs em Lógica del Límite (1991) – a ideia de que a filosofia é uma forma de pensamento no limite e que é essa noção de limite que ilumina o conjunto do ser. Licenciado em Filosofia pela Universidade de Barcelona em 1964, estudou também em Pamplona, Madrid e Colónia, na Alemanha. Foi professor universitário em Barcelona desde1965, tendo também leccionado em universidades brasileiras e argentinas. Em 1986 obteve a cátedra de Filosofia na Escola Técnica Superior de Arquitectura de Barcelona, onde permaneceu até 1992, ano em que se tornou professor de Filosofia na Faculdade de Humanidades de Barcelona, onde exerceu como catedrático de História das Ideias.

Entre os numerosos prémios e reconhecimentos com que foi distinguido destacam-se o Prémio Nacional de Ensaio (1983) por O Belo e o Sinistro ou o Prémio Internacional Friedrich Nietzsche (1995) e a Medalha de Ouro do Círculo de Belas-Artes (2004).
 
 
 
 
 
 

Sugerir correcção
Comentar