Mobile Lovers está exposto num museu que não é ao ar livre

O último trabalho de Banksy foi localizado, removido e exposto num museu em menos de uma semana.

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Mobile Lovers estava numa rua em Bristol, no Reino Unido

Não se sabia qual o lugar da mais recente obra de Banksy até terça-feira, quando foi retirada. Mobile Lovers estava em Bristol e foi removida com um pé-de-cabra pelo director de um projecto para jovens rapazes e que tem a sua sede perto da parede que Banksy pintou, noticia a BBC. A peça está agora guardada num museu de Bristol.

No lugar do graffito apareceu na terça-feira, um dia depois de ter sido confirmada a sua autoria, uma cópia impressa e ao lado uma nota que dizia: “Era aqui que estava a obra de Banksy. Foi retirada porque corria o risco de ser danificada, vandalizada ou roubada. Como sabem, o Riverside Youth Project [projecto para jovens] que fica à vossa esquerda está em risco de fechar por falência. Podem ver a obra de arte no nosso edifício onde está guardado a salvo de danos! Pedimos que contribua com uma pequena doação se pretender ver a obra. Não hesite em aparecer!”

Mobile Lovers foi levado quarta-feira à noite pela polícia para o Bristol City Museum and Art Gallery, depois de ter permanecido na sede do Riverside Youth Project, onde se pedia uma ajuda para a associação a quem quisesse ver e tirar uma fotografia com o graffito – pedido correspondido por alguns visitantes.

Dennis Stinchcombe, director do clube de rapazes, disse que, correndo o risco de ver o seu projecto social fechar, não podia desperdiçar a oportunidade de ganhar cerca de 100 mil libras (cerca de 121 mil euros), de que precisa para fazer sobreviver a sua associação frequentada por mil jovens todos os meses, segundo o jornal britânico The Guardian. “Acabámos por ter um Banksy à nossa porta. É um sonho tornado realidade. Se não o tivéssemos retirado, alguém o teria arrancado da parede ou vandalizado.” Desde que revelou estar na posse de Mobile Lovers, Stinchcombe diz já ter recebido uma proposta de um milhão de libras, mas também ameaças de morte por ter retirado a obra da rua.

Sem dizer claramente que se trata de um roubo, George Ferguson, presidente da câmara de Bristol, disse que a atitude de Stinchcombe foi imprudente e que devia certificar-se de que está dentro da lei. “Tenho a certeza de que a pintura nos pertence [à cidade]”, disse à BBC. “É importante que esteja acessível para que toda a gente a possa ver. Acredito que a arte de rua pertence à rua, mas entretanto recuperámos o graffito e está nas mãos da polícia.”

 “Ele [Stinchcombe] tem de fazer o seu trabalho e salvar o seu clube de rapazes, mas retirar [o graffito] não foi correcto”, disse à BBC, acrescentando que tirar da rua um graffito é “contra o espírito de Banksy e da arte de rua”.

Stinchcombe disse, antes de o stencil lhe ser retirado pela polícia, que o seu objectivo era contactar a leiloeira Bonhams para que esta realizasse o leilão da peça. A leiloeira, por seu lado, disse à BBC não ter sido contactada e que se isso acontecesse teria primeiro de validar a autoria da obra e a legalidade da sua posse. “Teremos de confirmar que esta peça não está em bases de dados de obras roubadas e que o vendedor tem direito a vendê-la, como é feito com qualquer peça. Até lá, não podemos avançar com nenhum valor [para a peça]”, disse.

O presidente da câmara de Bristol, agora que a peça está de novo na posse da cidade, quer pedir a Banksy uma edição limitada impressa do trabalho que possa ser vendida para ajudar o projecto de Stinchcombe. "Entretanto estamos a trabalhar com uma editora local para produzir postais e impressões para angariar dinheiro para o Riverside Youth Project", disse ao The Guardian, acrescentanto que teria sido um crime para a cultura o stencil sair da posse da cidade, frisando, no entanto, que Stinchcombe é um bom homem que cometeu um erro.

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