Joana Vasconcelos cria fundação privada

Artista plástica quer criar uma colecção com o seu trabalho e também lançar bolsas de estudo para estudantes.

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Joana Vasconcelos junto de uma obra sua na exposição no Palácio da Ajuda Rui Gaudêncio

Uma fundação com o nome da artista que este ano representa Portugal na Bienal de Veneza já foi aprovada pelo Governo e publicada esta quarta-feira no Diário da República, mas deverá ser oficializada apenas no próximo ano.

“A fundação foi criada para preservar a obra da artista, ir guardando desenhos, as coisas que tem feito. Estamos a trabalhar numa base de dados da obra dela. Vamos criar ainda uma colecção de arte com obras de outros artistas nacionais e internacionais, com os quais Joana Vasconcelos tem trabalhado”, disse o director da fundação, Ricardo Vasconcelos.

Outro dos objectivos do organismo é criar bolsas de estudo para estudantes de artes, não necessariamente artes plásticas, e que pode abranger também os países do universo da lusofonia.

A sede da fundação será o atelier de Joana Vasconcelos em Lisboa (na Doca de Alcântara Norte), e a futura colecção de arte poderá ser visitada pelo público, afirmou Ricardo Vasconcelos, referindo ser ainda “prematuro” revelar qual será o orçamento para gerir o organismo.

A nova fundação terá de se reger pela nova Lei-Quadro das Fundações, aprovada pelo Governo no ano passado e que se aplica a todo o tipo de fundações públicas e privadas, excepto as instituições de ensino superior públicas.

A nova lei impõe regras destinadas a tornar a actividade destes organismos mais transparente, obrigando a comunicar a composição dos respectivos órgãos e enviar contas anuais à presidência do Conselho de Ministros, bem como a divulgar estas e outras informações na Internet, sob pena de perderem apoios financeiros no ano seguinte ao do incumprimento, e enquanto este se mantiver.

As fundações privadas só poderão solicitar o estatuto de utilidade pública ao fim de três anos “de efectivo e relevante funcionamento”, a não ser que o instituidor ou instituidores maioritários já possuam este estatuto.

Joana Vasconcelos, nascida em Paris em 1971, expõe regularmente desde os anos 1990 e tem várias obras – sobretudo esculturas e instalações – representadas em colecções de arte públicas e privadas.

Entre as obras mais emblemáticas do seu percurso artístico constam sapatos de salto alto de grandes dimensões e feitos com panelas, corações feitos com talheres de plástico, faiança de Bordalo Pinheiro coberta de renda e um lustre criado com tampões higiénicos femininos.

“Utilizo vários materiais do quotidiano, coisas que as pessoas conhecem. No fundo, consigo um cruzamento entre o quotidiano, o dia-a-dia das pessoas, e uma poética que é reservada às artes plásticas, e que passa por redimensionar o nosso quotidiano e perspectivá-lo para o futuro”, afirmou Joana Vasconcelos à agência Lusa em Agosto.

A artista plástica foi responsável, este ano, pela exposição individual mais visitada em Portugal, com 232 mil visitantes, que esteve patente até Agosto no Palácio da Ajuda, em Lisboa. Esta foi uma readaptação e remontagem da exposição que Joana Vasconcelos tinha apresentado no ano passado no Palácio de Versalhes, em Paris, por onde passaram mais de 1,6 milhões de visitantes, batendo recordes de meio século de exposições em França.

Joana Vasconcelos representa Portugal na Bienal de Veneza até ao final de Novembro, com um cacilheiro, intitulado Trafaria Praia, que diariamente circula na lagoa veneziana. O cacilheiro sofreu uma intervenção artística no exterior, com uma faixa de azulejos que mostram uma vista panorâmica de Lisboa e, no interior, com um revestimento a cortiça e têxteis em tons de azul e branco.

 
 

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