Jasper Johns alvo de roubo de mais de 20 obras no valor de 4,8 milhões

Assistente do autor de Flag, já presente em tribunal, terá desviado obras inacabadas para galeria de Nova Iorque.

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"Flag" é talvez a obra mais conhecida de Johns DR

James Meyer trabalhou 27 anos como assistente do artista plástico Jasper Johns, um dos mais importantes nomes da arte do século XX - e esta semana foi detido e ouvido já em tribunal sob a acusação de ter roubado e vendido peças de Johns no valor de 4,8 milhões de euros. Em causa estão 22 obras inacabadas, subtraídas de uma gaveta do estúdio do artista norte-americano, que terão sido vendidas através de uma galeria de Manhattan e rendido a Meyer cerca de 2,5 milhões de euros.

Jasper Johns é autor de Flag (1954-5), uma das suas obras mais reconhecíveis e um dos ícones da viragem que, na cena artística dos EUA de meados do século passado, se fazia do abstraccionismo abstracto para a produção sobre ícones quotidianos. Flag está no Museum of Modern Art de Nova Iorque, apenas uma de múltiplas instituições mundo fora em que a obra de Johns, de 83 anos, está representada, como a National Gallery of Art, o Metropolitan ou a Tate Modern.

Segundo a imprensa norte-americana, Meyer foi detido quarta-feira em sua casa, no Connecticut, para comparecer em tribunal em Hartford e conhecer a acusação de que é alvo. O ex-assistente de Johns declarou-se inocente e saiu sob fiança. O New York Times conta que James Meyer começou a trabalhar com Jasper Johns em 1984, quando era um pintor de reproduções. Meyer viria a desenvolver também o seu trabalho como artista, mas durante os últimos anos, de acordo com a acusação de que é alvo, terá montado um esquema de venda ilícita de peças de Johns que lhe renderam 2,5 milhões de euros.

O New York Times especifica que Meyer abordava o marchand em causa, que não é identificado, bem como os compradores interessados sob a premissa de que se tratavam de obras que o próprio Johns lhe tinha oferecido – mais, que seriam integrados no catalogue raisonné, a compilação definitiva sobre a obra do artista, o que lhes conferiria um valor ainda mais elevado. Segundo a procuradoria-geral de Nova Iorque, Johns não autorizara a venda das pinturas. O estúdio do artista, contactado pelo New York Times, não quis comentar o caso.

Existiria um acordo entre Meyer e os compradores para que estes mantivessem as obras fora de olhares públicos durante um período mínimo de oito anos em que as peças não poderiam ser expostas nem revendidas. Parte do esquema montado por Meyer passava por uma série de certificações reconhecidas no notário da autoria das obras.

As peças terão sido roubadas de uma gaveta no estúdio de Johns em Sharon, também no Connecticut, como detalha um comunicado do gabinete do procurador-geral de Nova Iorque. Os roubos terão acontecido entre Setembro de 2006 e Fevereiro do ano passado e a galeria de Nova Iorque tê-las-á vendido todas. As acusações que pendem sobre o artista e assistente de Johns prendem-se com transporte de bens roubados para além de fronteiras estaduais (pena máxima de dez anos de prisão) e fraude (pena máxima de 20 anos de prisão).

Jasper Johns nasceu em Maio de 1930 e é hoje um dos artistas com obras mais valiosas no mundo. Segundo a lista da Skate Art Market Research, Johns é o 40.º mais importante artista em termos de valor da sua obra. Tem seis peças na lista das mais valiosas, com uma média de preços de 11,3 milhões de euros.
 

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