Helena Almeida ganha prémios BESphoto e AICA

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Seis autofotografias de grande dimensão, a preto e branco, de Helena Almeida, estão patentes no CCB até ao dia 27 de Fevereiro DR

A fotógrafa Helena Almeida, de 71 anos, venceu ontem dois prémios: o BESphoto e o da Associação Internacional de Críticos de Arte/Ministério da Cultura.

A primeira edição do Prémio BESphoto é uma iniciativa do Banco Espírito Santo (BES) e do Centro Cultural de Belém (CCB), em Lisboa, destinada a "promover a excelência da arte fotográfica criada por portugueses". A vencedora deste galardão anual receberá 15 mil euros, o que constitui o maior prémio dedicado à fotografia em Portugal. Depois, Helena Almeida ganhou também a edição 2004 do Prémio Associação Internacional de Críticos de Arte (AICA)/Ministério da Cultura, na categoria de artes plásticas, pela exposição antológica "Pés no Chão, Cabeça no Céu" (na área de arquitectura, o galardão foi para Ruy Athouguia). O AICA atribui 10 mil euros para cada das áreas.

Da lista final de candidatos ao BESphoto constavam também João Tabarra, Nuno Cera e Vítor Pomar. O júri final era constituído por Alexandra Pinho e Delfim Sardo, representantes, respectivamente, do BES e do CCB, Luísa Costa Dias, do Arquivo Fotográfico de Lisboa, Régis Durand, da Galeria National du Jeu de Paume (França), e Rosa Olivares, da revista espanhola de fotografia "Exit".

A primeira fase do Prémio BESphoto teve a colaboração de um júri de selecção, que escolheu os quatro finalistas. Para João Fernandes (director do Museu de Serralves), Sérgio Mah (LisboaPhoto), Emília Tavares (Museu do Chiado), Alexandra Pinho e Delfim Sardo, os quatro artistas escolhidos tinham realizado as amostras fotográficas de maior interesse no ano de 2004. A saber: "Pés no Chão, Cabeça no Céu", de Helena Almeida, no CCB; "No Meio do Caminho Tinha Uma Pedra, Tinha Uma Pedra no Meio do Caminho", de João Tabarra, no Círculo de Artes Plásticas de Coimbra; "Dark Forces", de Nuno Cera, na Galeria António Henriques, em Viseu; e "O Meu Campo de Batalha", de Vítor Pomar, na Fundação de Serralves, no Porto.

Mas não foram estas as obras a serem avaliadas pelo júri final, dado que todos os quatro artistas optaram por apresentar obras inéditas na segunda fase. São essas obras que estão patentes no Centro de Exposições do CCB desde dia 20 de Janeiro e até 27 de Fevereiro. Para esta exibição, Helena Almeida escolheu seis autofotografias de grande dimensão, a preto e branco, e uma projecção vídeo feitas originalmente para a exposição "A Experiência do Lugar", da Porto 2001, e tiradas numa sala da Faculdade de Ciências do Porto. Vítor Pomar coloca, em "I Love My Photos", painéis de imagens a cores recolhidas em ambientes do seu quotidiano familiar ao longo dos últimos trinta anos.

Nuno Cera também fotografou a sua família - o resultado é "The Time Is Now", com três projecções de "slides" e uma retroprojecção de 486 registos tirados durante seis meses de 2004 entre Lisboa e Berlim, as cidades onde vive e trabalha. Por fim, João Tabarra encena "Strada One of Us", juntando quatro fotografias de grande formato e 162 "slides" de anónimos.

AICA distingue "renovação das linguagens plásticas"

O júri da edição 2004 do Prémio AICA - composto por Ana Tostões, Ana Vaz Milheiro, João Pinharanda, Raquel Henriques da Silva e Rui Mário Gonçalves - decidiu por unanimidade atribuir o prémio a Helena Almeida, na área de artes plásticas, pela "profunda capacidade de renovação das linguagens plásticas (...) ao longo de quatro décadas de trabalho".

"Nos anos 60, quando a arte portuguesa acertou o passo com a internacional, a obra de Helena Almeida foi decisiva e mantém-se assim extremamente actual", diz o crítico de arte João Pinharanda. "Tem a capacidade de renovar permanentemente as suas linguagens plásticas. Tanto no desenho e na pintura, de onde parte por formação, como na escultura, grande memória familiar que lhe vem do pai [o escultor Leopoldo de Almeida], ou na fotografia, suporte em que tem trabalhado desde o fim dos anos 60, começo dos anos 70."

Pinharanda destaca ainda a importância da artista no estrangeiro, apesar de aí só ter sido reconhecida recentemente. "É um dos artistas que garante a capacidade de reconhecimento internacional da arte contemporânea portuguesa."

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