Grande parte do cinema europeu está a perder-se, alerta a Comissão Europeia

Só 1,5% do património cinematográfico europeu está digitalizado. Problema afecta também a Cinemateca Portuguesa

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Bobinas do Arquivo Nacional de Imagens em Movimento Daniel Rocha

Uma parte importante do cinema europeu está em risco de se perder porque a maioria das cinematecas da Europa ainda não está adaptada ao digital e, por isso, não está em condições de preservar os filmes sob esta forma, alerta a Comissão Europeia num relatório.

“Uma parte dos nossos filmes está a perder-se para as gerações futuras e para sempre, tal como aconteceu com os filmes da era do cinema mudo, dos quais só 10% sobreviveram”, diz a Comissão. Por outro lado, os filmes do início da era digital também correm o risco de se perder para sempre, por razões ligadas à formatação.

Segundo a Comissão, só 1,5% do património cinematográfico europeu está digitalizado, e comercial ou gratuitamente disponível para o público (a não-digitalização tem sobretudo a ver com o insuficiente financiamento nacional e privado e a complexidade na obtenção de direitos).

“É ridículo que o nosso património cinematográfico seja invisível no século XXI”, declarou Neelie Kroes, vice-presidente da Comissão Europeia, acrescentando que irá em 2013 apresentar uma proposta para que os Estados-membros colaborem entre si com o objectivo de disponibilizarem os filmes online.

O problema afecta também a Cinemateca Portuguesa, que não tem possibilidade de mostrar nas suas salas filmes em suporte digital porque não tem um projector que permita fazê-lo. E o Arquivo Nacional de Imagens em Movimento (ANIM), que pertence à Cinemateca, não está equipado para tratar filmes digitais. Isto significa que grande parte dos filmes feitos actualmente está vedada à instituição.

O responsável do ANIM, Rui Machado, disse recentemente ao PÚBLICO: “Não estamos minimamente preparados para o digital, não temos sequer um leitor de cópias digitais. E não temos ferramentas para fazer a migração sucessiva de todo este património digital. Estamos a recebê-lo, mas não temos meios para o trabalhar.”
 
 

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