Governo de Madrid quer um espanhol para suceder a Mortier no Teatro Real

Joan Matabosch, director do Gran Teatro del Liceo, em Barcelona, é o candidato mais bem colocado

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Gerard Mortier, em 2008 REUTERS/Susana Vera

A sucessão do belga Gerard Mortier na direcção artística do Teatro Real de Madrid está a provocar polémica em Espanha, com o ainda director a criticar publicamente o governo espanhol por ter imposto à administração do teatro, presidida por Gregorio Marañón, a escolha de um espanhol como futuro responsável.

Mortier estava já há algum tempo a tratar com a administração da escolha do seu sucessor, para garantir que a transição, prevista para 2016, se faria sem sobressaltos, e também para assegurar que o futuro director artístico fosse alguém capaz de se identificar com o projecto desenvolvido ao longo dos últimos anos.

Vários dos seis candidatos sugeridos por Mortier – Serge Donay, o seu compatriota que dirige a Ópera de Lyon, Viktor Schoner (Ópera de Munique), Alexander Neef (Ópera  de Toronto), John Berry (English National Opera), Pierre Audi (Ópera de Amsterdão) e Bernd Loebe (Ópera de Frankfurt) – já tinham mesmo tido encontros com responsáveis do Teatro Real, num processo aberto de selecção. Mas, em Agosto, Mortier foi informado de que o seu sucessor seria, afinal, um espanhol.

“Não vejo problema nenhum em que seja um espanhol, desde que seja um bom candidato”, diz Mortier. Mas acrescenta: “O critério não pode ser o da nacionalidade, mas sim o da qualidade”. Obrigar à escolha de um espanhol “é ridículo”, acusa, e “uma maneira de pensar que já não existe na Europa”.

Segundo a imprensa espanhola, o candidato mais bem posicionado para lhe suceder é Joan Matabosch, responsável do Gran Teatro del Liceo, em Barcelona, mas fala-se também em Pedro Halffter, director artístico do Teatro de la Maestranza, em Sevilha, ou mesmo num eventual regresso de Antonio Moral, antecessor de Mortier no Teatro Real de Madrid.

“Não entendo porque prescindiram de Moral em 2010 e agora ponderam voltar a contratá-lo”, diz ao El País Gerard Mortier. A Halffter, afirma não o conhecer. E garante que “gosta muito” de Matabosch, mas que este “não tem nada a ver com o actual projecto do Teatro Real”.

Com a próxima temporada já fechada, Mortier diz que vai esperar para ver como o processo da sua sucessão se desenvolve, mas não exclui abandonar o teatro madrileno antes do previsto caso o governo espanhol insista em escolher um espanhol. O director artístico do Teatro Real está na Alemanha em tratamentos por causa de um cancro. 

 

 

 

 

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