França vai vender uma das suas casas em Berlim

Embaixada na capital alemã anunciou que a Casa de França vai ser vendida. Funcionários temem que isto seja o princípio do fim do instituto francês de Berlim. Edifício continuará aberto até 2015

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A Casa de França em Berlim foi inaugurada em 1950 Isabelle Wirth/AFP

Um pouco por toda a Europa os governos tentam reduzir custos com ministérios e serviços e, ao mesmo tempo, procuram receitas extraordinárias, muitas vezes recorrendo à venda de património, no seu território e no estrangeiro. É o que deverá acontecer agora com a Casa de França em Berlim. O governo de François Hollande decidiu que ter o instituto francês a funcionar num edifício autónomo do da embaixada na capital alemã era um gasto injustificável e decidiu pô-la à venda.

A notícia foi dada pela Agência France Press esta terça-feira, que dá conta dos protestos dos funcionários da Casa de França, que acreditam que o público não acompanhará as actividades quando elas passarem a ter lugar na embaixada.

A decisão de vender o edifício onde hoje funciona, explica a embaixada através de um comunicado, faz parte de um “esforço orçamental” para equilibrar as finanças públicas. Em Berlim a escolha recaiu sobre a Casa de França, provavelmente porque a sua localização – em plena Kurfürstendamm, os "Campos Elísios" da capital – a torna atraente aos olhos dos investidores. 

“O produto desta venda vai financiar os trabalhos necessários à instalação do instituto na embaixada e a continuidade [das suas actividades]”, diz o documento citado pela AFP, o mesmo em que se assegura que os postos de trabalho não estão em risco, nem tão pouco a missão que até aqui tem sido assegurada pela Casa de França, pólo de divulgação da língua e da cultura francesas.

O embaixador Maurice Gourdault-Montagne, que na segunda-feira informou os trabalhadores da decisão, garantiu que haverá condições para desenvolver as actividades do instituto, mas os funcionários temem que a maioria dos dois mil alunos inscritos anualmente nos cursos não se desloque à embaixada, junto à Porta de Brandeburgo.

“As nossas despesas são hoje extremamente reduzidas e ignoramos para quanto subirão se nos instalarmos na embaixada”, disse à AFP Nathalie Lakotta, porta-voz do comité que representa os 40 funcionários. “Se os cursos de língua deixarem de ser auto-financiados é possível que o instituto venha a fechar.”

Mas a Casa de França, que actualmente depende do Ministério dos Negócios Estrangeiros, não é só cursos de línguas. A biblioteca, com cem mil empréstimos por ano, é uma das suas mais-valias. Inaugurada em 1950, funciona num edifício de 1897 e foi um importante pólo cultural da Berlim dividida (situa-se no centro de Berlim ocidental, numa zona hoje conotada com consumos de luxo). No entanto, a intenção de vender o imóvel pode esbarrar num entrave legal – parte do edifício está classificada como monumento histórico (inclui uma sala de cinema única na cidade).

Segundo a embaixada de Paris em Berlim, a Casa de França continuará aberta até meados de 2015.

 
 


 
 
 
 
 

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