E o título da Bienal de Arquitectura de Veneza de 2014 é...

...Fundamentos, como anunciou o seu director, o arquitecto Rem Koolhaas, que quer os países a pensar as raízes da linguagem da arquitectura moderna e falar de arquitectura - e não de arquitectos.

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Koolhaas no Porto, em 2005 Fernando Veludo

O arquitecto holandês Rem Koolhaas decretou no final da semana passada que a edição de 2014 da Bienal de Arquitectura de Veneza, um dos mais importantes eventos do sector a nível mundial, vai ter como título Fundamentals, que simboliza que esta será "uma bienal sobre arquitectura e não sobre arquitectos".

Koolhaas quer que todos os pavilhões dos vários países participantes respeitem um tema - Absorbing Modernity: 1914-2014 - para "gerar uma visão global da evolução da arquitectura rumo a uma única estética moderna", mas ao mesmo tempo dando a conhecer "a sobrevivência de "características únicas nacionais e de mentalidades que continuam a existir" mesmo no actual contexto de colaboração internacional. Na conferência de imprensa na sede do evento, na Praça de São Marcos, em Veneza, o holandês frisou que "depois de várias bienais dedicadas à celebração do contemporâneo, Fundamentos focar-se-á nas histórias - nos elementos inevitáveis de toda a arquitectura, usados por qualquer arquitecto, em qualquer lado, em qualquer altura (a porta, o chão, o tecto, etc.) e na evolução das arquitecturas nacionais nos últimos cem anos". 

Para tal, dois espaços em especial vão servir como manifestações complementares aos pavilhões nacionais - o Pavilhão Central e o Arsenale - no esforço do evento de "gerar uma compreensão fresca do repertório fundamental da arquitectura", disse Koolhaas, que frisa a vantagem "decisiva" de começar a trabalhar com um ano de avanço em relação ao tema da Bienal para a coordenação dos trabalhos dos vários pavilhões nacionais. 

O arquitecto-estrela, conhecido de perto na galáxia portuguesa pelo chamado "meteorito" que aterrou na Rotunda da Boavista, no Porto, sob a forma da icónica Casa da Música que projectou na cidade, quer com este tema fazer emergir uma nova e "única linguagem moderna" na arquitectura mundial. Rem Kooolhas quer também que a próxima bienal se foque nas transformações da arquitectura - o mundo globalizou-se e "as arquitecturas que outrora eram específicas e locais tornaram-se intercambiáveis", sacrificando as identidades nacionais "em prol da modernidade". 

"Numa era de pesquisa ubíqua no Google e do achatamento da memória cultural, é crucial para o futuro da arquitectura ressuscitar e expor essas narrativas" que as exposições vão dar a conhecer desde o início da I Guerra (1914) e que evidenciam o percurso transformativo para uma linguagem global da arquitectura, disse ainda Koolhaas na sexta-feira em Veneza. 

Koolhaas, conhecido pela sua capacidade de investigação e paixão pela pesquisa, venceu o Prémio Pritzker em 2000 e Leão de Ouro da Bienal de Veneza em 2010. A próxima Bienal de Arquitectura de Veneza começa a 7 de Junho de 2014 e prolonga-se até 23 de Novembro do mesmo ano. Dela fará parte um pavilhão provisório que se tornou persistente: o pavilhão efémero que Álvaro Siza desenhou para a edição de 2012 (na qual recebeu o Leão de Ouro pela sua carreira) continuará de pé no Giardino delle Vergini, na zona do Arsenale, e será utilizado como “espaço adicional” nas edições de 2014 e 2016, pela sua eficácia.

Em 2012, a Bienal foi dirigida por David Chipperfield, que lhe deu como título Common Ground (“Territórios Comuns”). A participação portuguesa na Bienal de Veneza de 2012, com a exposição  Lisbon Ground a responder ao tema geral Common Ground, em que participaram Eduardo Souto de Moura, Álvaro Siza, João Carrilho da Graça, Francisco e Manuel Aires Mateus, Ricardo Bak Gordon e Gonçalo Byrne. A exposição, comissariada por Inês Lobo, encontra-se desde dia 24 no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, focada na cidade de Lisboa e em três eixos: Lisbon Downtown, Lisbon River e Lisbon Connections. lIisbon Ground encerra a 24 de Fevereiro.

 

 

 


 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

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