Dramaturgo austríaco Peter Handke distinguido com o Prémio Internacional Ibsen

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Peter Handke Rui Soares

O escritor e dramaturgo austríaco Peter Handke, de 71 anos, foi distinguido com o Prémio Internacional Ibsen, no valor de 2,5 milhões de coroas norueguesas (cerca de 30 mil euros), divulgou a organização do galardão.

“É fácil imaginar Peter Handke como a antítese do dramaturgo Henrik Ibsen: ele é um poeta épico, inovador e um contador de histórias experimentado, com as traduções das obras da antiguidade para o palco”, afirma o júri, num texto publicado no site do Prémio.

Todavia, referem os jurados, “os dois dramaturgos têm muito em comum, e talvez o mais central seja o sentido de descoberta”.

O júri diz ainda que é comum aos dois dramaturgos “a capacidade de percepcionar a essência do tecido social”.

“Se Ibsen foi o modelo de dramaturgo da época burguesa, que ainda não terminou, Peter Handke é, sem dúvida, o mais eminente poeta épico do teatro”, escreve o júri.

O júri aponta ainda que ambos os dramaturgos mostram “um afastamento dos seus países de origem (Noruega e Áustria) e têm um trabalho incessante sobre um possível conceito de casa e literatura, que é proporcional a este conceito”. “Ambos são obcecados pela ilusão”.

O prémio, justifica o júri, deve-se “ao conjunto da obra [de Handke] que é incomparável na sua beleza formal e brilhante reflexão”.

“Tal como a personagem Próspero de Shakespeare, Peter Handke criou a sua própria ilha com as suas peças, nas quais pode libertar o que ele tinha acumulado entre o Alasca e a Eslovénia, dos subúrbios aos encontros com os seus antepassados. Ao fazê-lo, ao longo de meio século, Peter Handke criou verdadeiramente a forma mais incomum do classicismo, após o fim da II Guerra Mundial, e continua a fazê-lo”.

O Prémio Internacional Ibsen é concedido, de dois em dois anos, a pessoas ou instituições que tenham contribuído de forma significativa para o desenvolvimento do drama como uma forma de arte e é considerado o Nobel do Teatro.

Criado em 2007 pelo Governo da Noruega, o prémio distinguiu nas anteriores edições Peter Brook, Ariane Mnouchkine, Jon Fosse e Heiner Goebbels.

A angústia do guarda-redes antes do penalty, A Hora da Sensação Verdadeira, Para uma abordagem da fadiga, A Mulher Canhota, Uma breve carta para um longo adeus são algumas das obras de Handke editadas em Portugal.

Uma selecção de pequenas peças, reunidas na colectânea Teatro de Peter Handke, pela Plátano Editora, em 1975, constitui um dos primeiros testemunhos do autor em edição portuguesa.

Handke é autor e co-autor, respectivamente, dos argumentos de Movimento em falso e de As asas do desejo, do cineasta alemão Wim Wenders, que, entre as suas primeiras longas-metragens, tem a adaptação de A angústia do guarda-redes antes do penalty, do escritor austríaco.

 

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