Diário de Anne Frank em versão iPad com material inédito

A aplicação inclui fotografias da família antes da vida no esconderijo, vídeos, e excertos do livro lidos por Helena Bonham Carter.

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Uma das novas imagens, agora disponibilizadas, de Anne Frank Fundo Anne Frank

Há 65 anos O Diário de Anne Frank era publicado pela primeira vez, e o mundo descobria o relato dos dois anos (entre 1942 e 1944) que a jovem passou escondida dos nazis num anexo em Amsterdão. Agora, a história de Anne Frank, que tinha 13 anos quando começou a escrever, surge em versão para iPad, lançada pela Penguin.

A aplicação inclui excertos do livro lidos pela actriz Helena Bonham Carter, páginas facsimiladas do diário original, fotografias até aqui inéditas, excertos do documentário Anne Frank Remembered, emissões de rádio do tempo da guerra, e ainda um vídeo de apresentação com o primo mais velho (e único membro da família ainda vivo) de Anne, Bernd Elias, mais conhecido como Buddy.

Não é que Anne Frank precise de publicidade – a casa onde viveu escondida antes de ser enviada para os campos de concentração de Auschwitz e Bergen-Belsen, onde morreu de tifo três meses antes de fazer 16 anos, continua a ser um lugar de peregrinação em Amsterdão. Mas o Fundo Anne Frank, localizado na Suíça e que gere os arquivos da família, preocupa-se em manter vivo o interesse do mundo, e vai divulgando novos materiais. “No passado havia apenas o diário, agora há fotografias e vídeos”, diz Elias ao Observer. “O ódio, e, claro, o racismo, continuam a existir no mundo. É muito importante que as crianças aprendam a respeitar todas as religiões e nacionalidades”.

Assim, o Fundo tornou públicos livros de colagens, que, diz o The Observer, se supõe terem sido feitos por Otto Frank, o pai de Anne, que era fotógrafo amador e que foi fazendo, ao longo da vida, centenas de fotos da família e amigos. Uma das imagens agora divulgadas, conta o jornal britânico, mostra Anne, a irmã mais velha, Margot, e os pais junto à casa da família em Amsterdão; noutra, Anne surge fotografada pela irmã na varanda de um edifício de apartamentos, com o cabelo a esvoaçar. São imagens que ajudam a perceber o que era a vida da família Frank antes de serem obrigados a esconder-se no anexo do número 263 da rua Prinsengrach.

O conteúdo da aplicação para iPad integra muito deste material proveniente dos arquivos e que foi escolhido com a ajuda de Buddy, hoje com 87 anos – o primo sobre o qual Anne também escreve no diário, chegando a desenhar a roupa que sonha usar quando, um dia, puder ir esquiar com ele.

No Telegraph, o jornalista Alex Peake-Tomkinson faz uma crítica da nova aplicação. Explica que esta inclui Trilhos da História, intitulados por exemplo Medo ou A Vida no Esconderijo e elogia o facto de estes serem acompanhados por um aviso que aconselha os utilizadores a lerem primeiro o livro – há o risco de muita desta informação se sobrepor à leitura do livro.

Peake-Tomkinson sublinha a mesma ideia a propósito de toda a informação de contexto histórico que a aplicação oferece, que, para além de ser muito didáctica, e portanto destinada a um público mais jovem, pode “perturbar a experiência de ler o diário”. O conselho é, por isso, que quem ainda não leu o diário o faça primeiro, e só depois mergulhe nos novos materiais oferecidos pela aplicação da Penguin.

 

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