Edifício Parnaso, um exemplo da arquitectura moderna do Porto, foi classificado

Edifício de habitação e comércio na zona da Cedofeita foi desenhado por Carlos Loureiro nos anos 50.

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A classificação destaca "o domínio das escalas, a utilização de volumes simples que se articulam de forma harmoniosa" Fernando Veludo
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O edifício mantém "um generoso afastamento em relação à via pública" Fernando Veludo
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O arquitecto conseguiu criar "um espaço de desafogo" Fernando Veludo
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O Parnaso deve o seu nome a uma escola de música que se situava no edifício Fernando Veludo
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O arquitecto inspirou-se nos princípios da Carta de Atenas Fernando Veludo
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O Parnaso é uma presença marcante no espaço urbano do Porto Paulo Pimenta

O Edifício Parnaso, no Porto, projectado pelo arquitecto José Carlos Loureiro em 1954, foi classificado esta sexta-feira como monumento de interesse público.

Situado na freguesia de Cedofeita, nas ruas de Oliveira Monteiro e Nossa Senhora de Fátima, este edifício de habitação, comércio e serviços, que deve o seu nome à Escola de Música Parnaso que aí funcionava, é um importante exemplar da arquitectura moderna portuguesa. 

Segundo a portaria de classificação publicada em Diário da República na sexta-feira, o Parnaso "é já uma referência na história da arquitectura portuguesa, concretizando com elevada qualidade artística e construtiva os princípios da arquitectura modernista, da Carta de Atenas e da Organização dos Arquitectos Modernos, de que o autor foi membro activo". A mesma portaria destaca "o domínio das escalas, a utilização de volumes simples que se articulam de forma harmoniosa e a qualidade plástica global". Loureiro, que nasceu em 1925, conseguiu com "talento" que o edifício mantivesse "um generoso afastamento em relação à via pública", criando "um espaço de desafogo" e impondo simultaneamente "uma presença marcante no cenário urbano". No Porto, Loureiro é também autor do Pavilhão Rosa Mota, nos Jardins do Palácio de Cristal. 

Para o crítico de arquitectura Jorge Figueira, o Edifício Parnaso "é sem dúvida um exemplo maior da afirmação da arquitectura moderna em Portugal e em particular no Porto, que a assume com particular convicção". Figueira sublinha ainda o facto de o século XXI "reconhecer a importância da arquitectura moderna como património", porque nos seus melhores exemplos "reflecte um encontro único de uma visão progressista e esperançosa com os avanços que se registaram no campo tecnológico e artístico". "Mesmo que permaneça por vezes mal-amada, é já evidente o que significou em termos de avanço do gosto, do habitar, da cultura espacial e urbana. Tal síntese, em plenitude, em equilíbrio, em harmonia, como no Parnaso, é hoje impensável".

O crítico diz ainda que arquitectura de Loureiro, principalmente neste período - anos 1950-60 - é particularmente relevante no Porto, ao lado da de Viana de Lima e Arménio Losa, lançando as bases daquilo que será mais tarde conhecido como a Escola do Porto. 

O Edifício Parnaso é mais um exemplar dos edifícios do século XX, de arquitectos ainda vivos, que a Direcção-Geral do Património Cultural tem vindo a classificar.
 
 

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