Cultura com cortes drásticos em Itália

O investimento em património no país com mais entradas na lista do Património Mundial da Unesco passou de 168 milhões em 2008 para apenas 75 milhões em 2013.

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Fresco erótico em Pompeia Mario Laporta/Reuters

Os orçamentos da Cultura em Itália, tanto ao nível local como nacional, sofreram nos últimos anos cortes que reduziram a disponibilidade financeira do sector para metade face a 2008, denunciou nesta segunda-feira a associação Federculture citada pela AFP.

Segundo esta organização, que junta instituições e agentes públicos e privados, o orçamento do Ministério da Cultura italiano que em 2013 foi de 1,5 mil milhões de euros passou a 1,4 mil milhões para todo o triénio de 2014 a 2016.

Como exemplo das consequências da distribuição deste corte, a Federculture apresenta os valores dedicados à preservação patrimonial no país que tem o maior número de monumentos e sites arqueológicos inscritos na lista da Unesco do Património Mundial: foram 168 milhões de euros investidos em 2008, apenas 75 milhões em 2013.

“A situação é muito inquietante”, explicou o presidente da Federculture, Roberto Grossi, ao diário Il Messaggero, citado pela AFP. É uma questão de investimento da própria economia nacional, diz este responsável: “Se apagarmos as luzes da Cultura, as nossas cidades vão esvaziar-se de turistas e tornar-se mais pobres.”

A nível local, Roma foi uma das cidades que reduziu drasticamente o seu investimento em Cultura ao longo da última década: para metade em 10 anos — de 4,33% do seu orçamento em 2002 para 2,23% em 2012. Pior: este último valor deverá descer para metade ao longo de 2014.

Segundo Grossi, parte dos cortes resultam do facto de os mecanismos legais que deveriam incentivar o mecenato não funcionarem devidamente, acrescendo o facto de esse tipo de contribuição ter entrado em quebra à medida que a economia do país mergulhou na sua pior crise desde o fim da  II Guerra Mundial.  

Desde 2008, o último ano de pré-crise, o mecenato diminuiu 38% e, individualmente, as doações da banca — até recentemente fundamentais para o sector da Cultura — sofreram uma quebra ainda maior: de 40% no mesmo período.

Segundo a AFP, o sector da Cultura é um dos mais afectados pelos planos de austeridade em Itália. É um sinal de alerta grave para a preservação de alguns dos marcos fundamentais da cultura europeia, por exemplo, o site arqueológico de Pompeia, onde várias estruturas desabaram no final de 2010 e que poderá vir a entrar para a lista do Património em Risco, da Unesco.
 
 

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