Criador de Perdidos vai realizar Guerra das Estrelas VII

J. J. Abrams é dado como certo à frente do primeiro filme da terceira trilogia que deve estrear em 2015. As reacções da crítica e dos fãs dividem-se.

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J.J. Abrams fez um "estágio" com Star Trek GUS RUELAs/Reuters
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Cena do episódio V, com Darth Vader em destaque DR
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George Lucas é o criador de uma das mais lucrativas sagas do cinema mundial Merrick Morton/Lucasfilm LTD/20th Century Fox/Reuters
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O elenco da trilogia original Fred Prouser/Reuters
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Mark Hamill, muitos anos depois de ter interpretado Luke Skywalker, com George Lucas, à esquerda Mario Anzuoni/Reuters
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Harrison Ford fez de Han Solo: também se fala no regresso dele Fiorenzo Maffi/Reuters
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Carrie Fisher fez sucesso como Princesa Leia. Aqui ao lado de Chewbacca STR New/Reuters
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Star Wars in Concert passou por Lisboa e é um dos negócios extraídos da saga, que deu origem a receitas milionárias extra-cinema MAX NASH/AFP

O realizador J. J. Abrams, 46 anos, vai continuar entretido com guerras galácticas. Depois de se ter ocupado da continuação de O Caminho das Estrelas, Abrams é o escolhido para dar continuidade a uma das mais lucrativas sagas de Hollywood, a Guerra das Estrelas.

Viagens no espaço e vidas extraterrestres são temas familiares à filmografia de Abrams, que tem no currículo dois filmes de O Caminho das Estrelas ou Super 8 (2011). Em 2009, numa entrevista ao jornal Los Angeles Times, Abrams declarou: “Quando era criança, eu era mais Guerra das Estrelas do que Caminho das Estrelas.” Porém, o anúncio de que o criador de Lost/Perdidos, série de culto produzida para TV, vai assumir o leme da saga criada por George Lucas gerou desconfianças entre fãs.

Star Wars VII será o primeiro episódio da saga a ser lançado pelos estúdios Disney, a quem Lucas vendeu a Lucasfilm, em Outubro passado. Será também o primeiro da nova trilogia, a terceira, que está planeada desde 1975, mas que até agora nunca chegou a ver a luz do dia. Quando a Disney comprou a produtora de Lucas, aproveitou o momento para anunciar que de facto avançaria com o episódio VII.

Segundo informações avançadas nesta sexta-feira pelo site The Wrap, a contratação de J. J. Abrams – que também assina filmes como Missão Impossível 3 ou episódios da série A Vingadora (TV) – está fechada. Toda a imprensa norte-americana reproduz essa informação, aparentemente segura, mas não confirmada pelo próprio nem por ninguém ligado à Disney ou a George Lucas, que será consultor criativo. E Michael Ardnt (Toy Story 3) ficará encarregado pelo argumento.

O Twitter encheu-se de reacções a esta novidade. Em pouco tempo, o nome do realizador e da saga tornaram-se temas em destaque. O crítico de cinema Scott Weinberg ironizou com o efeito de reflexo de luz na lente (lens flare, em inglês), presente no primeiro filme de O Caminho das Estrelas realizado para o cinema por Abrams. “Espero que Abrams e Arndt criem um personagem caçador de naves chamado Len Sflare. Só para chatear os nerds”, escreveu Weinberg.

Adam Frazier, crítico do site GeeksofDoom.com, citado pela Associated Press, mostrou-se esperançado no trabalho de Abrams. “Ele pegou no Caminho das Estrelas, que estava a afogar-se em miséria, e deu-lhe vida nova. Se alguém pode fazer isso pela Guerra das Estrelas, é ele.”

A história a cargo de Abrams começará após a morte de Anakin Skywalker, cuja transformação em Darth Vader é acompanhada na segunda trilogia e que morre no episódio final da trilogia original. Os detalhes da narrativa permanecem em segredo, mas sabe-se que actores e actrizes que participaram na série inaugural, como Harrison Ford (Han Solo), Carrie Fisher (Princesa Leia) e Mark Hamill (Luke Skywalker) foram contactados para eventualmente participarem na nova trilogia, baptizada como a sequela.

Até à venda da Lucasfilm por quatro mil milhões de dólares, a Guerra das Estrelas tinha rendido 27 mil milhões de dólares, incluindo receitas de cinema e DVD, brinquedos, livros, videojogos e outros licenciamentos como TV ou merchandising. Uma autêntica máquina de fazer dinheiro que promete continuar e que, para lá dos efeitos especiais, assentou sempre num pilar básico de qualquer narrativa de acção: a luta entre o bem e o mal.

Esse condimento, à mistura com outros, nem sempre foi usado com o mesmo resultado. A primeira trilogia, editada entre 1977 e 1983, foi um estrondoso sucesso de mercado e de crítica; a segunda, estreada entre 1999 e 2005, nem por isso. Mesmo com receitas superiores às da trilogia original, a chamada prequela, composta pelos episódios I a III teve receitas abaixo do valor dos episódios IV a VI quando ajustadas as taxas de inflação.

Também a indústria gostou mais da trilogia original. A Academia nomeou os três primeiros episódios 20 vezes para os Óscares, incluindo categorias como melhor realizador, interpretação ou melhor filme. Metade destas nomeações foram convertidas em estatuetas. Pelo contrário, a segunda série teve direito a cinco nomeações, todas em categorias técnicas, e nenhum prémio.

A crítica, por seu lado, também se rendera ao início da luta entre o Império dominado pelos siths e os “rebeldes” Jedi e não parece ter gostado tanto da prequela. Para sintetizar esta dualidade de sentimentos, recorrendo ao próprio universo criado por Lucas – que povoou uma “galáxia muito muito distante” com humanos superpoderosos e milhentas de personagens estranhas, cada qual com a sua missão –, dir-se-ia que fãs da saga e críticos de cinema sempre nutriram mais simpatias pelo wookie Chewbacca da primeira série ou o gangster alien Jabba the Hut (que entra em ambas as trilogias) e nunca foi muito à bola com Jar Jar Binks, personagem introduzido na narrativa da segunda trilogia.

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