Companhias emergentes do Porto querem reflectir sobre o teatro na cidade

Corrente Alterna — Mostra de Criações Incógnitas apresenta 17 companhias de teatro emergentes no Grande Porto. Entre 12 e 22 de Setembro, o teatro e o financiamento artístico vão ser debatidos na cidade

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"Fome Longe", dos Numa Norma, vai estar no TeCA a 15 de Setembro, às 21h30

Olhar para o novo teatro que se faz no Porto e discutir as dificuldades e os desafios que os profissionais enfrentam é o objectivo da Corrente Alterna — Mostra de Criações Incógnitas, que ocupa duas praças e um teatro da cidade de 12 e 22 de Setembro. A mostra é uma parceria do Teatro Nacional São João e da companhia Erva Daninha e quer despertar o público do Porto para os problemas estruturais que as novas companhias enfrentam, apresentando e discutindo o trabalho que estas desenvolvem.

Musgo, OTTO, Numa Norma e Porta 27 são algumas das 17 companhias de teatro emergentes que integram a programação. Há ainda outras, como a Palmilha Dentada ou a Erva Daninha, que nunca conseguiram “dar o salto” e ficaram “presas à emergência”, como diz Julieta Guimarães, programadora da mostra. São 17 as estruturas com espectáculos marcados para os dez dias de mostra, mas a organização mapeou um total de 30 em todo o Grande Porto.

Na Corrente Alterna, as “palavras são eléctricas” porque o propósito é descrever “o que poderia ser o movimento emergente teatral do Porto”, concentrado em companhias que vivem sem financiamento especializado. “Mesmo que agora surjam apoios dedicados a jovens criadores, nós ficamos com um problema social grave: muitos já temos mais do que 30 anos, idade não compreendida nos concursos”, aponta.

Para Julieta, esta iniciativa diferencia-se de outras já realizadas no Porto, uma vez que “é a primeira vez que uma mostra emergente é pensada por pessoas verdadeiramente emergentes, que conhecem os problemas do teatro por dentro”. 

Conhecer o outro lado do teatro


 


A fundadora da companhia Erva Daninha acredita que o “público sabe que isto [o teatro] é um jogo de faz de conta”, pelo que o dinheiro não deve ser aplicado em coisas, antes em pessoas. “É preciso mostrar que não são precisas cortinas de veludo ou canetas Mont Blanc em cima do palco para fazer um bom espectáculo”, continua, acrescentando que a procura de soluções e o “debate público” são fundamentais.


 


“Isto não é apenas um desfile de companhias. É o nosso futuro: a seguir à Corrente Alterna, não temos mais trabalho.” Daí que esteja agendado um encontro-debate para as 14horas de 22 de Setembro, no TeCA, com companhias, programadores convidados e responsáveis das escolas do Porto (Balleteatro, Academia Contemporânea do Espectáculo e Escola Superior de Música, Artes e Espectáculo, entre outros).


A mostra vai ocupar as praças da Batalha e de Carlos Alberto, bem como vários pontos do Teatro Carlos Alberto (TeCA), como o foyer, o terraço, a sala de ensaios ou a sala de vidro. A 14 e 21 de Setembro, sábados, a Corrente Alterna propõe jantares buffet no terraço do TeCA, que passam a almoço no dia 22, domingo. Julieta aponta a programação dos sábados como “muito acessível”: por cinco euros é possível assistir a todos os espectáculos da tarde e, por três, aos da noite.

“Queremos que as pessoas usufruam do teatro de uma outra forma, daí a ocupação de espaços alternativos, normalmente fechados ao público”, diz a responsável pela programação.      
 
 
 

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