Colecção Champalimaud vai sair de Portugal e será vendida pela Christie's

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A colecção de António Champalimaud vai ser vendida em Londres pela leiloeira Christie's, provavelmente a 6 de Julho DR

O Ministério da Cultura autorizou a saída da colecção de arte feita por António Champalimaud, o industrial e milionário português que morreu no ano passado aos 86 anos. A colecção é composta por quase 200 peças, maioritariamente pintura e mobiliário do século XVIII, contendo obras assinadas por pintores importantes como Canaletto, Guardí, Fragonard ou Boucher, mas também por autores de mobiliário da época de Luís XV, como Tilliard.

O parecer técnico positivo já foi dado pelo Instituto Português de Museus (IPM). "Foi pedida a exportação de 194 peças. O parecer é favorável. Não está em causa a importância das peças, mas não eram indispensáveis às colecções públicas", diz o director do IPM, Manuel Bairrão Oleiro. De qualquer forma, acrescenta, as peças não poderiam ser classificadas, porque entraram no país há menos de 50 anos. A sua saída só podia ser impedida de forma "transitória", uma medida que não foi equacionada.

Segundo Bairrão Oleiro, já há "um despacho geral" da ministra da Cultura, Maria João Bustorff, autorizando a saída da colecção, mas os boletins individuais das peças têm agora que ser assinados um a um. Alguns já estão assinados por Bustorff. Ontem, o gabinete da ministra remeteu qualquer informação sobre o assunto para o IPM.

Canaletto avaliado em seis milhões

A colecção vai ser vendida em Londres pela leiloeira Christie's, provavelmente a 6 de Julho, afirmou Pedro Girão, um dos vice-presidentes da casa. Girão diz que é cedo para fazer uma estimativa total da venda, uma vez que a última avaliação foi feita há oito anos. Nessa altura, a obra do pintor veneziano Canaletto, de que não há nenhum exemplar nas colecções públicas portuguesas, foi avaliado em quatro ou cinco milhões de libras (entre seis e sete milhões de euros).


Segundo Bairrão Oleiro, para o parecer técnico foram consultados especialistas do Museu Nacional de Arte Antiga e da Casa-Museu Anastácio Gonçalves.

O PÚBLICO falou ontem com vários especialistas sobre a saída da colecção de Portugal mas, uma vez que a colecção de Champalimaud é desconhecida, nenhum pôde comentar a sua importância. A colecção foi feita por António Champalimaud maioritariamente nos anos 70, nos antiquários de Paris, para decorar a sua casa de Lisboa.

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