A arquitectura portuguesa quer ser vista no Brasil e para isso voltou a juntar Siza e Souto de Moura num pavilhão

Portugal foi convidado a integrar a Bienal de São Paulo, entre Setembro e Novembro. Um pavilhão projectado pelos dois arquitectos portugueses mais internacionais, uma exposição e um ciclo de conferências fazem parte do programa delineado pela Estratégia Urbana.

Imagem virtual do pavilhão dos arquitectos portugueses
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Imagem virtual do pavilhão dos arquitectos portugueses Cortesia: Estratégia Urbana
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Maquete do pavilhão que ainda espera apoios e um construtor brasileiro Cortesia: Estratégia Urbana
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O pavilhão efémero de Siza e Souto de Moura por dentro Cortesia: Estratégia Urbana

Eduardo Souto de Moura vai apresentar este sábado, às 16h locais, no Museu Casa Brasileira, em São Paulo, alguns dos seus trabalhos, mas vai principalmente explicar o projecto que desenhou com o outro Pritzker português, Álvaro Siza, para o pavilhão do laboratório da Estratégia Urbana a instalar no Parque Ibirapuera, naquela cidade, no início do Outono.

A conferência do arquitecto responsável pelo Metro do Porto dá o pontapé-de-saída do ambicioso programa que aquele laboratório de inovação sediado em Matosinhos elaborou com o objectivo de contribuir para a internacionalização da arquitectura portuguesa e a sua afirmação no mercado brasileiro. É um programa que está já atrasado em relação aos prazos inicialmente previstos, que apontavam para a Primavera, mas que, em contrapartida, vai usufruir das mais-valias da sua integração na 10.ª Bienal de Arquitectura de São Paulo, que começa 28 de Setembro e vai até 24 de Novembro, este ano sob o tema Modos de fazer, modos de usar.

“Esta inserção do nosso programa na bienal vai dar uma visibilidade acrescida à arquitectura portuguesa e uma maior projecção ao nosso país”, disse ao PÚBLICO, à partida para São Paulo, o arquitecto Nuno Sampaio, presidente da Estratégia Urbana, que apresentará também hoje, na cidade brasileira, o projecto Arquitectura Portuguesa – Discrição é a nova visibilidade. E acrescentou que, apesar da alteração das datas, o programa delineado no final do ano passado se mantém.

Assim, a Estratégia Urbana vai levar à grande metrópole brasileira uma exposição documental de 100+7 projectos da arquitectura portuguesa dos últimos vinte anos, um programa de conferências e encontros entre arquitectos (e também engenheiros) portugueses e brasileiros e o referido pavilhão de arquitectura efémera.

O projecto para esta estrutura de 400 m2 a instalar em pleno Parque Ibirapuera – e que fará com que ele passe a possuir “a maior concentração de obras de prémios Pritzker por metro quadrado”, como nota Fernando Serapião, um dos curadores do projecto da Estratégia Urbana, numa referência à junção dos dois arquitectos portugueses à obra já aí existente de Oscar Niemeyer – está já completo. Falta agora assegurar a contrapartida brasileira para a sua concretização. “O projecto está feito, e já foi enviado para ao Brasil. Mas queremos que ele seja uma parceria luso-brasileira: foi concebido por arquitectos e engenheiros portugueses, com o apoio da Mota-Engil; esperamos agora que seja construído por empresas brasileiras”, explica Sampaio, notando que “o início do mês de Agosto é o prazo limite para a angariação desses apoios”, para que o pavilhão esteja disponível a tempo da bienal.

O responsável pela Estratégia Urbana está igualmente à espera que o governo português, através da Secretaria de Estado da Cultura – que declarou 2013 Ano da Arquitectura Portuguesa – concretize o apoio que ajude a pagar um orçamento estimado em cerca de 880 mil euros. “Sabemos que há vontade política, esperamos agora a correspondência material”, diz Nuno Sampaio, lembrando a importância de Portugal ter sido o único país estrangeiro convidado a fazer-se representar na bienal de São Paulo. E acrescenta: “Este nosso programa de internacionalização é muito mais que um projecto cultural, é também económico.” Para isso, a Estratégia Urbana convidou a Ordem dos Arquitectos e a dos Engenheiros a estabelecerem uma agenda própria de contactos com os seus congéneres brasileiros.

Arquitectura discreta
A exposição Arquitectura Portuguesa – Discrição é a nova visibilidade, a apresentar em São Paulo no final de Setembro, vai dar a conhecer uma centena de obras realizadas, ou projectadas, nas duas últimas décadas, na sequência de um concurso que teve meio milhar de candidaturas e que foi comissariado por Nuno Sampaio, Fernando Serapião, Luís Tavares Pereira e Miguel Judas.

Às 100 obras individuais, acrescentam-se sete grandes projectos colectivos: a Parque Expo, em Lisboa, a requalificação urbana do Porto 2001 – Capital Europeia da Cultura, o Metro do Porto, o Polis de Viana do Castelo, a Parque Escolar, o Resort Bom Sucesso, em Óbidos, e a requalificação urbana para Guimarães 2012.

Nos projectos individuais que serão expostos e documentados no pavilhão no Parque Ibirapuera estão quatro de cada um dos Pritzkers portugueses (maior prémio de arquitectura do mundo), além de outras obras feitas em vários países. Neste naipe está, por exemplo, a Fundação e Museu Iberê Camargo, que Álvaro Siza projectou para a cidade de Porto Alegre, no Brasil.

O mais consagrado nome da arquitectura portuguesa, com Eduardo Souto de Moura e o também Pritzker brasileiro Paulo Mendes da Rocha (autor do Museu dos Coches, ainda por inaugurar em Lisboa), além do engenheiro Rui Furtado, participarão, no final de Setembro, numa conferência a abrir o ciclo Polissemias, que reunirá depois outros arquitectos portugueses e brasileiros a reflectir sobre a arquitectura de seis cidades dos dois países.

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