MoMA quer demolir antigo edifício do Museu de Arte Tradicional

O MoMA comprou o edifício do Museu de Arte Tradicional Americana em 2011 e anunciou que pretende demoli-lo até ao final deste ano. Justifica a decisão dizendo que esta se enquadra nas obras de expansão de que tanto necessita.

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Fachada do Museu Michael Moran / Otto
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O MoMA comprou o Museu de Arte Folclórica em 2011 e anunciou este mês que pretendia demoli-lo até ao fim deste ano Michael Moran / Otto
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"O edifício de arte folclórica afirma-se como o exemplo de um espaço modesto, tradicional e especialmente concebido para a arte e para o público" escreveu a arquitecta Billie Tsien no seu site. DR
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Interior do Museu Michael Moran
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Interior do Museu Michael Moran
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"Continuamos muito orgulhosos e entristece-nos ver que um edifício, que foi uma fonte de diversão e inspiração para tantas pessoas, fique agora perdido para sempre" escreveu Tsien. Michael Moran

A decisão de demolir o antigo edifício do Museu de Arte Tradicional Americana, adquirido pelo Museu de Arte Moderna (MoMA) em 2011, está a ser contestada. Vários arquitectos, entre os quais Steven Holl, Hugh Hardy e Robert A.M. Stern, assim como os vencedores do Pritzker Richard Meier (1984) e Thom Mayne (2005), dirigiram uma carta aberta ao museu para que este reconsidere a decisão, noticiou na segunda-feira o New York Times.

A carta foi escrita pela Liga de Arquitectura de Nova Iorque, organização sem fins lucrativos, e foi assinada por membros da sua comissão de directores. Na carta condena-se o facto de o “primeiro museu com um departamento permanente de curadoria de arquitectura e design” ainda não ter dado uma “justificação convincente sobre o desperdício ambiental e cultural que é destruir este edifício de doze anos tão admirado e distinguido”.

O MoMA disse ao New York Times que por enquanto não iria comentar a carta. Mas ainda este mês, quando a decisão de demolir o edifício foi anunciada, o director Glenn D. Lowry sublinhou que a demolição não era um “comentário à qualidade do edifício da arquitectura de Tod e Billie”, referindo-se aos arquitectos responsáveis pelo projecto, Billie Tsien e Tod Williams. Barry Bergdoll, o curador-chefe de Arquitectura e Design do MoMA, disse  ao mesmo jornal que a decisão de demolição não foi fácil. “É incrivelmente doloroso ver um edifício significativo ir-se embora. Mas a conclusão a que se chegou faz sentido para a evolução futura deste complexo de edifícios e para a criação de algo que possa realmente mostrar a colecção com grande impacto”, disse.

Ao jornal americano, a arquitecta Billie Tsien confessou estar desiludida. “Há obviamente os sentimentos pessoais – os nossos edifícios são como as nossas crianças, e esta, em particular, é uma pequena criança adorada. Mas há também o sentimento de que esta é uma perda para a arquitectura porque é um edifício especial, um tipo de edifício pequeno que é artesanal, particular e cuidado numa altura em que tantos edifícios exibem grandeza”.

A decisão de demolir o museu foi anunciada este mês, doze anos depois da sua construcção, em 2001, e está prevista para acontecer até ao fim deste ano. No lugar do antigo edifício, o MoMA vai construir uma extensão, que depois será ligada a uma torre, ainda por construir. Quando a extensão e a nova torre estiveram construídas, o MoMA ocupará cinco edifícios entre a Quinta Avenida e a Avenida das Américas. O director do MoMA prevê que ambos os edifícios estejam concluídos em 2017 ou 2018. O museu ficará assim com mais espaço disponível para galerias de exposições:  930 metros quadrados no anterior edifício do museu de arte tradicional e 3700 na torre.

O MoMA tem vindo a expandir-se nos últimos anos. Em 1996 comprou o Hotel Dorset, edifício dos anos 1920 situado na rua paralela à do museu (West 54th Street), e dois edifícios adjacentes. Usou-os na renovação que sofreu em 2004.
Nessa última renovação, a cargo do arquitecto japonês Yoshio Taniguchi, aumentou o espaço da sua galeria de 7 mil e novecentos para 11 mil metros. Mas não terá sido suficiente. “Temos muitas obras de arte que gostariamos de mostrar”, disse Jerry I. Speyer, o presidente do MoMA.

Muitos críticos de arquitectura – alguns dos quais Martin Filler (The New York Review of Books, Karrie Jacobs (Itinerant Urbanist), Ned Cramer (Architect Magazine) e Guy Horton (ArchDaily) - reagiram como indignação à decisão do MoMA, denunciando a sobreposição das necessidades corporativas sobre o valor cultural do edifício. A editora Cathleen McGuigan escreveu no editorial da revista Architectural Record que esta decisão está cheia de “tristes ironias”. “A mais óbvia é o facto de o MoMA ter sido o primeiro museu americano a ter um departamento de arquitectura e design e de agora estar numa posição de juiz e carrasco de um edifício aclamado”. A firma que desenhou o edifício, Tod Williams Billie Tsien Architects, foi eleita pelo American Institute of Architects (Instituto Americano de Arquitectos) a empresa do ano de 2013.

O casal  de arquitectos lamenta que o museu não tenha encontrado uma forma de reutilizar o espaço que desenharam. A 12 de Abril, o casal de arquitectos deixou uma mensagem no seu site sobre a demolição: “O edifício de arte tradicional afirma-se como o exemplo de um espaço modesto, tradicional e especialmente concebido para a arte e para o público; um tipo de edifício que é raro encontrar numa cidade muitas vezes definida pela grandeza e impessoalidade. Continuamos muito orgulhosos e entristece-nos ver que um edifício, que foi uma fonte de diversão e inspiração para tantas pessoas, fique agora perdido para sempre”.

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