Arqueólogos encontram objectos com o brasão da família real no Rio de Janeiro

Uma escova de dentes que poderá ter pertencido a D. Pedro II está entre as mais de 200 mil peças retiradas de uma antiga lixeira.

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A última imagem da família real no Brasil em 1889 DR

Uma equipa de arqueólogos a trabalhar nas escavações da sobras para a linha 4 do metro do Rio de Janeiro encontrou mais de 200 mil peças dos séculos XVII, XVIII e XIX, entre as quais uma escova de dentes em marfim e osso com uma inscrição em francês onde se lê "SM L’Empereur du Bresil" (Sua Majestade, o imperador do Brasil).

Os arqueólogos pensam que o objecto poderá ter pertencido a D. Pedro II ou outro membro da família real brasileira. D. Pedro II, membro do ramo brasileiro da Casa de Bragança, foi o último imperador do Brasil, tendo morrido no exílio em Paris.

As escavações realizam-se na actual zona da Leopoldina, na linha que liga a Barra da Tijuca a Ipanema e, segundo a imprensa brasileira, a especulação de que os objectos poderão ter pertencido à família real é reforçada pelo facto de esta habitar na zona São Cristovão, perto do local, e de se saber que a zona era utilizada para despejar lixo proveniente do palácio imperial.

Para além da escova de dentes foram encontradas canecas com o brasão da família real, frascos de perfume e jóias pertencentes a membros da nobreza, como um alfinete de gravata em ouro, entre muitas outras peças de louça, vidro, porcelana e ouro. Destacam-se ainda, conta o jornal O Globo, recipientes de louça para a pasta de dentes com indicações sobre os sabores, que vão do lírio florentino a uma mistura de cereja, hortelã e pimenta.

“Podemos estar diante do mais importante sítio arqueológico da cidade. A quantidade e qualidade do material encontrado são impressionantes”, disse aos jornalistas Cláudio Prado de Mello, o chefe da equipa de arqueologia composta por 26 pessoas.

“Não temos motivos para não acreditar que a escova foi produzida para o imperador, para a imperatriz ou para alguma princesa. A cerda de pelo de porco perdeu-se mas a escova sobrou”, disse Prado de Mello, citado pelo Globo.

As escavações permitiram ainda encontrar identificar o local onde entre 1853 e 1881 funcionou o Matadouro Imperial, onde se abatia o gado para alimentar os habitantes do Rio de Janeiro. Desse matadouro restava um pórtico, mas o trabalho dos arqueólogos permitiu descobrir ossos de animais com 150 anos, ferros, ganchos e pequenos canais que se supõe serem usados para fazer escorrer o sangue dos animais.

 
 
 

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