Leão de Ouro para Angola na sua estreia na Bienal de Veneza

O grande prémio para uma representação nacional foi para Angola pelo projecto Luanda, Cidade Enciclopédica, com 23 fotografias de artista Edson Chagas.

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Uma das obras que Edson Chagas apresentou em Lisboa na exposição "No Fly Zone" DR

O Leão de Ouro da Bienal de Arte de Veneza para a melhor representação nacional foi hoje atribuído ao Pavilhão de Angola, país que se faz representar este ano pela primeira vez na mais importantes bienal de artes plásticas do mundo. O outro Leão de Ouro, que destaca um dos artistas representados na mostra, consagrou Tino Seghal, um autor que constrói situações em que outras pessoas cumprem instruções por ele concebidas. A artista francesa Camille Henrot, cuja obra mais recente se inspira na arte floral japonesa ikebana, recebeu o Leão de Prata para um artista emergente. Os prémios foram anunciados hoje de manhã, na inuguração da bienal, pelo seu presidente, Paolo Baratta.

Seis curadores vindos de vários continentes – Jessica Morgan (Reino Unido), Sofía Hernández Chong Cuy (Mexico), Francesco Manacorda (Itália), Bisi Silva (Nigeria) e Ali Subotnick (Estados Unidos) – compuseram o júri internacional desta 55ª bienal, na qual participaram 88 países, incluindo Portugal, que apresentou o projecto Trafaria Praia, da artista Joana Vasconcelos: um antigo cacilheiro convertido em pavilhão flutuante, cujo exterior foi revestido com azulejos pintados à mão que mostram uma vista contemporânea de Lisboa.

No coração da bienal, a mostra comissariada por Massimiliano Gioni, curador geral deste ano, reune150 artistas de 37 países e tem como título O Palácio Enciclopédico, tema com o qual o curador quis evocar o artista ítalo-americano Marino Auriti, um mecânico e arquitecto autodidacta que, nos anos 1950, construiu a maqueta de um edifício que deveria acolher as principais realizações do espírito humano, desde a invenção da roda  até ao satélite. Entre os artistas escolhidos por Gioni está a dupla portuguesa formada por João Maria Gusmão e Pedro Paiva. Em Veneza, mas como evento paralelo à bienal, Pedro Cabrita Reis tem uma grande exposição individual. Na própria bienal, o escultor Rui Chafes e o cineasta Pedro Costa estão entre os artistas que este ano representam oficialmente Cuba.

O projecto angolano, instalado no palácio Cini, um edifício histórico que hoje acolhe uma colecção de arte e mobiliário renascentista, chama-se Luanda, Cidade Enciclopédica, e inclui 23 fotografias de Edson Chagas numa exposição comissariada por Paula Nascimento e Stefano Pansera.

O secretário de Estado da Cultura, Jorge Barreto Xavier, que assistiu em Veneza ao anúncio dos prémios, disse estar “muito feliz” com a escolha do júri, elogiou a “inteligência” e a “sofisticação” dio projecto angolano e considerou que este Leão de Ouro “representa um reconhecimento extraordinário” para a arte contemporânea de Angola.  

Além de Luanda, Cidade Enciclopédica, o pavilhão angolano acolhe ainda a exposição de pintura e escultura Angola em Movimento, com obras vindas da colecção da seguradora ENSA, na qual estão representados artistas como Francisco Van-Dúnem, António Ole, Fineza Teta e Marco Kabenda.

No princípio do ano, Edson Chagas foi um dos seis artistas angolanos que expuseram em Lisboa, no Museu Berardo, na exposição No Fly Zone.   

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