Nomeado para cinco Óscares, Amor foi o grande vencedor nos Césares

O filme de Michael Haneke venceu as principais categorias dos prémios do cinema francês. O filme mais nomeado, Camille Redouble, saiu da cerimónia sem um único César.

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Emmanuelle Riva venceu o César de Melhor Actriz pela sua interpretação em "Amor" Charles Platiau/REUTER

Consagração retumbante para Amor. Melhor Filme, Melhor Actor, Melhor Actriz, Melhor Realizador e Melhor Argumento Original. Não, não nos antecipámos. Os Óscares são no Domingo, mas há mais prémios de cinema mundo fora. E, na sexta-feira, o filme de Michael Haneke, que está nomeado para cinco categorias pela Academia de Hollywood, tornou-se o grande vencedor da 38ª cerimónia dos Césares, os prémios do cinema Francês - os, "voilá", Óscares gauleses.

O filme em que o austríaco Haneke resgatou o veterano Jean-Luis Trintignant à reforma, juntando-o a Emmanuelle Riva, a mesma de, por exemplo, Hiroshima, Meu Amor, para fazer deles o casal nuclear de um filme reflexão sobre a velhice e a terrível decadência do corpo, tornou-se um dos acontecimentos do ano, num processo de entronização precoce enquanto clássico iniciado com a Palma de Ouro no último festival de Cannes. Os Césares foram mais um passo seguro nessa direcção. Aguardemos pelo que lhe reservarão, amanhã, os Óscares, em que surge nomeado para Melhor Filme, Melhor Filme Estrangeiro, Melhor Argumento Original, Melhor Actriz e Melhor Realizador.

Antes, porém, os César. Na cerimónia em que nem Haneke nem Trintignant estiveram presentes (voavam a caminho dos Óscares em Los Angeles), coube a Emmanuele Riva, 86 anos, representar Amor e ouvir a longa ovação que lhe ofereceu o público no Théâtre du Chatelet – estava lá, por exemplo, Kevin Costner, a estrela americana de Danças com Lobos ou Robin Hood: O Príncipe dos Ladrões, distinguido com um César pelo conjunto da sua carreira.

Amor estava nomeado em dez categorias e venceu cinco – todas as principais. Ferrugem e Osso, o último filme de Jacques Audiard, realizador de De Tanto Bater o Meu Coração Parou ou O Profeta, surgiu a seguir em número de prémios. Venceu  quatro categorias: Melhor Revelação Masculina para Matthias Schoenaerts, Melhor Argumento Adaptado, Melhor Banda Sonora e Melhor Montagem (Ferrugem e Osso estreia em Portugal em Março). Les Adieux à La Reine, o filme de Benoît Jacquot que acompanha os últimos dias de Maria Antonieta foi, por sua vez, recompensado em categorias técnicas (Fotografia, Guarda-Roupa, Direcção de Arte). Fraca consolação, provavelmente. Bem melhor, porém, do que a queda retumbante de Camille Redouble. O filme de Noémi Lvovsky, protagonizado pela própria realizadora e onde encontramos também o mítico Jean-Pierre Léaud, entrou no Théâtre du Chatelet como o mais nomeado (encontrávamo-lo em 13 categorias) e terminou a cerimónia sem um único César.

A presença de Holywood nos prémios franceses (os Óscares, sempre os Óscares) ficou assegurada, para além de Kevin Costner, que arriscou algumas palavras em francês e pediu desculpa por  “provavelmente falar como uma criança” naquela língua, pela evocação de Ben Affleck. O actor, agora realizador, não esteve presente, mas o seu Argo levou para casa o César de Melhor Filme Estrangeiro.
 

Notícia corrigida às 17h28: Entre as categorias para as quais Amor está nomeado nos Óscares encontra-se também a de Melhor Actriz.
 
 

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