Alfama é linda mas o fado é mais

O festival Caixa Alfama levou sexta-feira o fado a todos os cantinhos do bairro onde ele habitualmente já vive. Hoje à noite há mais.

Gisela João foi uma das estrelas da noite
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Gisela João foi uma das estrelas da noite Tiago Machado
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Ana Moura Tiago Machado
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Helder Moutinho Tiago Machado
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Camané Tiago Machado
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E de repente parece que os Santos Populares voltaram a Alfama. Mas, desta vez, em forma de fado. Ou melhor, ainda mais fado. O Caixa Alfama começou esta sexta-feira, apadrinhado pela marcha de Alfama, que aliás foi a grande vencedora das marchas populares deste ano. O fado ouviu-se e cantou-se em todas as ruas e esquinas do bairro. Da igreja de São Miguel à beira do rio. Camané encerrou a noite em que Gisela João foi estrela.

Ainda o festival não tinha arrancado e pelas ruas de Alfama já desfilavam alguns dos membros da marcha de Alfama. Já vimos aquelas roupas em qualquer lado e até já ouvimos aquela música. Sim, os Santos Populares já lá vão mas Alfama não quis deixar de marcar a primeira edição deste festival de fado que põe o bairro novamente em destaque.

A escolha do local não é por acaso. Também já aqui assistimos, há dois anos, à festa que acompanhou a declaração do fado como Património da Humanidade, pela UNESCO. Foi exactamente entre o Museu do Fado e o Largo do Chafariz de Dentro que ela se fez, celebrando o facto de a canção de Lisboa ter passado a ser do mundo.

Esta sexta-feira as pessoas voltaram a sair de casa e a comemorar, mas há diferenças que não passam despercebidas. Os moradores de Alfama vivem com o fado desde sempre mas não sabem o que são festivais. Algumas não entendem nem porque é que a igreja à qual vão todos os dias está aberta só para aqueles que têm pulseira nem porque é que não podem ouvir aquele fadista que já tantas vezes ali ouviram sem para isso terem de pagar bilhete.

“Olha, vamos é ficar aqui à porta. Pelo menos sempre ouvimos, lá dentro já sabemos como é”, diz uma senhora que, depois de insistir com o segurança da Igreja de São Miguel para que a deixe ver Kiko cantar, decide sentar-se na escadaria.

Esta é apenas uma dos muitos moradores que deambulam pelas ruas na expectativa de ouvir ou ver mais qualquer coisa. Entre estes curiosos misturam-se depois as muitas pessoas que nestes dois dias descobriram o caminho para Alfama. São elas que até agradecem aos curiosos que servem de guias por entre becos e ruas estreitas. “Temos de aproveitar que isto são só dois dias”, diz outra moradora, enquanto corre para ouvir, ainda que do lado de fora das grades, Gisela João.

Dentro do recinto, preparado especialmente para a ocasião, estão já algumas centenas de pessoas à espera da nova sensação do fado. E se alguém havia na plateia que não a conhecesse, com certeza quererá saber mais a partir de agora. Não faltaram aplausos, piropos e até agradecimentos à mulher do norte que veio à terra do fado mostrar que “não é fadista quem quer, mas quem nasce fadista”.

Seguiu-se Ana Moura, com um público já fiel, ao mesmo tempo que noutros palcos de Alfama actuavam nomes como Miguel Capucho, Teresa Lopes Alves ou Artur Batalha, qual Vodafone Mexefest – o festival de Inverno de música alternativa que acontece em vários espaços de Lisboa.

A Camané coube encerrar a noite, recebendo também a maior enchente porque, por muita novidade que este festival possa trazer à zona, quem o frequenta gosta mesmo é daquilo que já conhece.

Este sábado o Caixa Alfama prossegue com destaque para Cuca Roseta, António Zambujo, Raquel Tavares, Ana Lains ou Sofia Varela.

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