Agustina recorda Ilse Losa como amiga de "grande vivacidade"

Foto
José Manuel Mendes salientou que Ilse Losa é autora de uma obra lúcida e criativa DR

A escritora Agustina Bessa-Luís lamentou hoje a morte de Ilse Losa, recordando-a como "uma amiga e mulher de grande vivacidade e com uma ironia finíssima".

Agustina Bessa Luís afirmou ter sido muito amiga e companheira de Ilse Losa durante muitos anos. "A amizade desencadeou-se no princípio da minha vida literária", explicou a escritora portuense.

Para Agustina, Ilse Losa continuará a ser uma pessoa muito presente na sua vida.

"Não é uma falta para mim, tenho-a muito presente na minha vida", concluiu a escritora.

A escritora luso-alemã Ilse Losa morreu hoje com 92 anos.

O seu livro mais conhecido, "O Mundo em que Vivi", é uma das obras de leitura integral aconselhadas pelo Ministério da Educação.

Para José Manuel Mendes, presidente da Associação Portuguesa de Escritores (APE), Ilse Rosa era "uma das personalidades mais relevantes" da literatura infanto- juvenil portuguesa.

A escritora "sempre nos propôs uma faceta muito peculiar, cingida aos ideais de uma literatura livre, sensível e exigente".

O presidente da APE salientou que Ilse Losa é autora de "uma obra lúcida e criativa" e que está "vinculada às memórias da infância e adolescência, sob os céus de treva do nazismo".

O escritor Hélder Pacheco considerou hoje a morte da escrita uma "grande perda para a cultura do Porto e para a literatura portuguesa".

Lamentando a morte de "uma nobre senhora", o escritor recordou Ilse Losa como uma refugiada judia que encontrou no Porto "um abrigo e uma família". Hélder Pacheco, que foi vizinho de Ilse Losa, enalteceu a capacidade da escritora em "perceber e se adaptar à cidade", que, aquando da sua chegada a Portugal, vivia "provincianamente no salazarismo, cheio de tristeza".

"Ela mergulhou na cidade, entendeu-a perfeitamente nas virtualidades do seu povo e no seu provincianismo", disse.

Para Hélder Pacheco, Ilse Losa foi uma grande escritora do Porto, que "soube cultivar a língua portuguesa como alguns nativos não souberam".

"Falava com algum sotaque, mas escrevia sem ele", disse, considerando que os seus contos e romances "são escritos em português da mais fina água".

Hélder Pacheco destacou a sua obra "Sob Céus Estranhos", que considera tratar-se de "uma referência sobre o Porto no período da Segunda Guerra Mundial".

Sugerir correcção
Comentar