Adam Johnson ganhou o Pulitzer a escrever sobre a Coreia do Norte

Nas restantes categorias de artes e letras venceram Ayad Akhtar (Teatro), Fredrik Logevall (História), Tom Reiss (Biografia), Sharon Olds (Poesia), Gilbert King (Ensaio) e Caroline Shaw (Música)

Foto
Adam Johnson, de 46 anos, é o autor de "The Orphan Master's Son" (2012) DR

Quando fez a crítica a The Orphan Master’s Son , Michiko Kakutani escreveu no The New York Times ser este “um romance notável e ousado”, que “abre uma assustadora janela sobre o misterioso reino da Coreia do Norte”. Aos 46 anos, Adam Johnson venceu com esta obra a mais mediática categoria do Pulitzer para as artes e letras: a categoria de Ficção, em que no ano passado não foi atribuído qualquer prémio por opção do júri.

Em The Orphan Master’s Son (ed. Random House), Johnson, que é professor de Escrita Criativa na Universidade de Stanford e já recebeu o California Book Award (2003), conta a história de Jun Do (como John Doe, a designação americana para Zé Ninguém), um órfão de Chongjin que entra para o exército, integra uma missão diplomática no Texas, EUA, mas acaba por ser enviado para um campo de trabalho no seu país onde conhece o Comandante Ga, rival de Kim Jong-il na tentativa de conquista dos afectos de uma actriz com quem é o órfão que acaba por casar.

Noutra crítica do New York Times, Christopher R. Beha diz que o livro é "imensamente divertido", mas questiona-se: "Será que ‘divertido’ pode mesmo ser a primeira palavra para descrever um romance sobre um dos piores lugares na Terra?"

Recordando que "certos temas" implicam "responsabilidade moral", Beha refere que isso é tanto mais verdade no caso da Coreia do Norte, "onde o horror está ainda a acontecer" e quando "tão pouco é revelado para o mundo exterior". Mas acaba por reconhecer: "Em última análise, a única regra da arte é que podemos fazer tudo aquilo com que nos conseguirmos safar."

Nas restantes categorias venceram Ayad Akhtar (Teatro) com Disgrace, que retrata a história de um advogado norte-americano bem-sucedido e que durante muitos anos escondeu as suas origens paquistanesas e muçulmanas, e Fredrik Logevall (História) com Embers of War: The Fall of an Empire and the Making of America’s Vietnam, que o júri considerou ser uma análise histórica equilibrada dos anos que se seguiram à Guerra do Vietname.

Tom Reiss venceu na categoria de Biografia com The Black Count: Glory, Revolution, Betrayal, and the Real Count of Monte Cristo, sobre o general Alexandre Dumas – não o famoso Alexandre Dumas, seu filho e autor de Os Três Mosqueteiros e O Conde de Monte Cristo. Sharon Olds foi premiada na categoria de Poesia com Stag’s Leap, um conjunto de poemas sobre o divórcio da poeta.

O Pulitzer de Ensaio foi para Gilbert King por com Devil in the Grove: Thurgood Marshall, the Groveland Boys, and the Dawn of a New America, livro que retrata uma batalha judicial sobre quatro homens negros falsamente acusados. é para o júri do prémio uma “crónica ricamente detalhada da injustiça racial da cidade de Groveland, na Florida, em 1949”. Por fim, a violinista Caroline Shaw, de 30 anos, foi distinguida na categoria de Música com Partita for 8 Voices.

O The New York Times, teve prémios em quatro das 14 categorias para Jornalismo. Enquanto colectivo, a redacção do jornal ganhou o prémio para Explanatory Reporting (trabalhos de enquadramento temático), David Barstow e Alejandra Xanic von Bertrab ficaram com o prémio para Investigação, David Barboza venceu na categoria de Internacional, e John Branch nos Feature

A cerimónia de entrega dos prémios realiza-se a 30 de Maio, na Universidade de Columbia, em Nova Iorque.

A lista completa dos vencedores pode ser consultada aqui.

Notícia actualizada com mais informação sobre The Orphan Master's Son. Mais informação acrescentada sobre as obras das restantes categorias.

Sugerir correcção
Comentar