A queda continua: cinemas portugueses perdem cinco milhões nas bilheteiras e 200 mil espectadores

Desde o início do ano, as estatísticas do Instituto do Cinema e Audiovisual (ICA) continuam a mostrar uma tendência prevalente desde 2011: perda de espectadores, perda de receitas.

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"A Ressaca Parte III" é até agora o segundo filme mais visto de 2013 em Portugal DR

O ano de 2010 foi o último pico tanto em frequência quanto em receitas nas salas de cinema em Portugal: 16,6 milhões de espectadores geraram uma receita bruta de 82 milhões de euros. Era uma subida significativa em relação aos anos anteriores, mas foi sol de pouca dura. Em 2012 já só estavam 13,8 milhões de espectadores nas salas, menos 12% que em 2011, e as receitas também cairiam 7,5% em relação ao ano anterior. Nos primeiros sete meses deste ano, o cenário agravou-se: as salas perderam já 5,3 milhões em receitas e 800 mil pessoas em relação ao período homólogo de 2012, segundo o ICA revelou quarta-feira.

Desde Janeiro e até 31 de Julho, cerca de 200 mil espectadores desapareceram dos cinemas portugueses, o que fez com que se no mesmo período de 2012 as receitas brutas de bilheteira rondavam os 40 milhões de euros, agora tenham apenas rendido 34,6 milhões. Ainda de acordo com os números do ICA, esses espectadores eram 7.436.426 nos primeiros sete meses de 2012 e no mesmo período deste ano já só foram 6.635.349. O ICA destaca que os distribuidores com menor quota de mercado, a Leopardo Filmes, Midas Filmes e Alambique, aumentaram as suas receitas ao mesmo tempo que três grandes distribuidores, Big Picture, Colombia e Pris, perderam terreno.

A estatística continua a colocar Velocidade Furiosa 6 como o filme mais visto do ano (423 mil espectadores), até agora, seguido por outra sequela, A Ressaca Parte III, e com três filmes de animação a completar o top 5 das salas portuguesas: Os Croods, Gru - O Maldisposto 2 e Monstros: A Universidade.

Quanto aos filmes portugueses, no ano seguinte ao que foi apelidado o “ano zero do cinema português” que foi 2012, com a suspensão da atribuição de apoios à produção, este ano estreou-se menos um filme produzido em Portugal do que no mesmo período em 2012. Dezassete filmes portugueses chegaram às salas desde o início do ano, entre os quais nove longas-metragens de ficção. O maior sucesso de bilheteira foi Comboio Nocturno para Lisboa, de Billie August (co-produção entre Alemanha, Suíça e Portugal) visto por 58 mil espectadores, seguido de O bairro, de Jorge Cardoso, Lourenço Mello, José Manuel Fernandes e Ricardo Inácio e Quarta divisão, de Joaquim Leitão.

Este ano, o encerramento de 70 salas de exibição comercial operadas pela Socorama (das quais 60 reabrirão até ao final de 2013 pela mão do brasileiro Grupo Orient) terá contribuído para o aprofundar da quebra na afluência dos portugueses ao cinema, com menos recintos disponíveis – alguns dos quais as únicas opções de exibição de cinema diária nas regiões afectadas.

Notícia corrigida às 15h29: valor da quebra nas receitas estava incorrecto

 

 

 
 
 
 

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