A importância do cinema na imagem das religiões

Académicos de diversas áreas discutem de que maneira o cinema muda a imagem que temos das religiões – simpósio internacional “Cinema e Religiões”, quinta e sexta-feira no CES-Lisboa.

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Imagem do Santuário de Fátima durante a visita do Papa Bento XVI a Portugal Enric Vives-Rubio

Há uma relação entre o espaço sagrado e o cinema que durante todo o século XX alterou a imagem das religiões. João Mascarenhas Mateus falará nesta quinta-feira, no simpósio internacional "Cinema e Religiões", de um desses espaços: o Santuário de Fátima.

“A imagem que temos de Fátima é feita pela recordação que temos de quando lá estivemos, mas é depois complementada pelas imagens cinematográficas a que cada indivíduo tem acesso”, explica o investigador – Espaço Sagrado e Cinema. Primeiras Imagens Fílmicas do Santuário de Fátima é a sua comunicação. Continua: “A ideia que temos do que é um local sagrado, por exemplo o Santuário de Fátima, é-nos dada pelo cinema que acompanhou a sua evolução e ajudou à consolidação da sua reputação, da sua força, da sua imagem.”

João Mascarenhas Mateus, do núcleo de cidades, culturas e arquitectura do Centro de Estudos Socais da Universidade de Coimbra (CES), é um dos organizadores do simpósio que decorre nesta quinta e sexta-feira no CES-Lisboa, no Picoas Plaza. Lembra que na diversa cinematografia sobre o santuário a posição da câmara de filmar vai variando à medida que o santuário também aumenta a sua dimensão, até chegar a posicionar-se em cima do altar. “Por alguma coisa se associou Fátima ao ‘altar do mundo’”, diz.

Este simpósio, tal como os três anteriores que já ocorreram ("Cinema e Cosmopolitismo", em 2009, "Cinema e Cidades", em 2010, e "Cinema e Autor", em 2011), apresenta os resultados da pesquisa nesta área pelo grupo de investigação Cinema e Letras – Estudos Transdisciplinares sobre Arte Cinematográfica, da Universidade de Granada, em Espanha. Este grupo, que analisa as relações do cinema com outras disciplinas (em particular com a História), foi fundado pelo historiador Francisco Salvador Ventura, especialista no estudo da imagem da antiguidade no cinema, e integra investigadores de universidades espanholas. Além de João Mascarenhas Mateus participam outros académicos portugueses: Jorge Botelho Moniz, do Observatório Político da Universidade Nova de Lisboa, falará sobre O Cinema como Objecto para a Nova Evangelização da Igreja Católica e as suas colegas Patrícia Oliveira e Teresa Furtado têm uma comunicação intitulada Da Necessidade de Documentar o Indizível e o Imaginável.

De Espanha chegam comunicações sobre Satanismo e Heavy Metal, sobre O Conflito entre Religião e Razão em Medeia de Pasolini ou sobre Religiosidade Popular no Cinema de Almodóvar. Da Universidade de Paris XI, virá a comunicação A Sacralidade do Hinduísmo no Cinema Comercial de Hollywood.

 
 
 

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