Soro anti-ébola vai ter ensaio clínico

Vários projectos de investigação sobre a doença receberam financiamento de urgência da União Europeia.

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O vírus do ébola CDC

A partir do mês de Novembro, um consórcio internacional liderado pelo Instituto de Medicina Tropical (IMT) de Antuérpia (Bélgica) vai avaliar, na Guiné-Conacri, a segurança e eficácia da utilização de anticorpos vindos do sangue de pessoas que sobreviveram ao ébola no tratamento de pessoas infectadas pelo vírus. Se os resultados forem positivos, os cientistas pensam que será possível utilizar esta abordagem em grande escala a curto prazo.

Há décadas que infecções como a raiva ou o tétano são tratadas com o soro de pessoas ou animais imunizados contra essas doenças, que contêm portanto anticorpos eficazes. No caso do ébola, sabe-se que, entre oito doentes tratados com sangue de sobreviventes em 1995, durante um surto na República Democrática do Congo (DRC), sete venceram a doença. Mas esses resultados não são conclusivos.

“Os tratamentos com sangue [e soro] são intervenções médicas que têm uma longa história e que são usados em segurança contra outras doenças infecciosas”, diz Johan van Griensven, do IMT belga, em comunicado. “Queremos saber se esta abordagem funciona com o ébola, se é segura e se pode ser posta em prática para reduzir o número de mortes na actual epidemia.”

O projecto vai receber 2,9 milhões de euros da União Europeia (UE). Participam no consórcio as universidades de Liverpool e de Oxford e a Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres (Reino Unido); a Universidade de Aix-Marselha, o instituto francês de transfusão sanguínea, o Instituto Pasteur e o Instituto Nacional de Saúde e Investigação Médica (França); a Cruz Vermelha belga de Flandres; o Centro Nacional de Transfusão Sanguínea da Guiné-Conacri; e o Instituto Nacional de Investigação Biomédica de Kinshasa (DRC).  

Estes ensaios clínicos fazem parte de uma série de cinco projectos de investigação que, segundo anunciou a UE esta quinta-feira, irão receber um total de 24,4 milhões de euros, vindos do programa Horizonte 2020 de investigação e inovação da UE e “canalisados através de um procedimento de urgência”.

A maior parte (15,1 milhões) destina-se à realização de ensaios clínicos de uma vacina experimental na Europa e África coordenada pelos laboratórios GlaxoSmithKline. O resto é partilhado, por ordem decrescente de financiamento, entre o já referido projecto; um estudo de segurança e eficácia contra o ébola de um anti-viral utilizado contra a gripe (2,6 milhões); um estudo sobre a segurança e eficácia no tratamento de doentes infectados de anticorpos anti-ébola produzidos em cavalos (2 milhões); e uma pesquisa sobre as interacções entre o vírus de ébola e o organismo do doente (1,8 milhões).
 

  

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