Sobre as formas de articular esforços em ID&I

O novo centro Acelerador de Investigação em Agricultura: Água e Energia é uma aposta da Universidade de Évora e do Governo em que não há espaço para labirintos.

Num artigo intitulado Os labirintos das políticas de ciência e de desenvolvimento regional [PÚBLICO de 14/08/2015] com enfoque no recém-criado centro de investigação, desenvolvimento e inovação (ID&I) da Universidade de Évora (UE), António Heitor Reis refere “a flagrante inconsistência governamental no que respeita à região Alentejo”, explicando que “não será preciso esperar um ano para que pelo menos nos domínios da “água e energia” exista um centro de investigação de excelência sediado em Évora, e “já com equipas de investigadores”.

O exercício de análise e diagnóstico multinível, nas dimensões associadas à ID&I que precede e alicerça a criação do novo centro de ID&I da UE, não deixa margem para inconsistências. O ponto de partida foram as infra-estruturas científicas pré-existentes numa das áreas-âncora da UE aliadas ao perfil de especialização da região Alentejo.

É verdade que a UE tem atualmente não apenas uma, mas várias unidades de I&D com classificação de “Excelente”, facto que revela o investimento empreendido para acompanhamento da evolução do sistema de I&D nacional. O Instituto de Ciências da Terra é uma destas unidades, que conta com um forte grupo de investigação em “energia, água e ambiente”.

E é verdade, também, que o Acelerador de Investigação é uma infra-estrutura ímpar na UE, cuja singularidade é suportada pelas sinergias que pretende potenciar.

Importa clarificar, em primeiro lugar, que a área principal do novo centro é a agricultura aplicada nas suas valências mais limitantes: a água e a energia. Na designação escolhida – Acelerador de Investigação em Agricultura: Água e Energia –, os “dois pontos”, em alternativa a uma “vírgula” entre “Agricultura” e “Água”, colocam a tónica na primeira.

E esclarecer, em segundo lugar, a sua dimensão estratégica. Saúda Heitor Reis “qualquer investimento em ciência, especialmente quando é feito em sintonia com o desenvolvimento regional”. É este o caso. Mas o Acelerador de Investigação vai mais longe: o seu contributo para o desenvolvimento regional parte da sintonia e diálogo necessários entre os centros de investigação e as empresas.

Foi concebido como centro agregador da capacidade científica instalada, potenciando as competências multidisciplinares de infra-estruturas preexistentes na UE, designadamente, de unidades de investigação como o Instituto de Ciências Agrárias e Ambientais Mediterrânicas (ICCAM), o Instituto de Ciências da Terra (ICT) e o Centro de Estudos e Formação Avançada em Gestão e Economia (CEFAGE) e no Parque de Ciência e Tecnologia do Alentejo (PCTA), integrado no Sistema Regional de Transferência de Tecnologia (SRTT).

Esta é uma aposta da Universidade de Évora e do Governo em que não há espaço para labirintos. O caminho foi refletido e a direção foi escolhida. Considero-a uma importante componente para a afirmação da UE como instituição de referência a nível internacional, por via do aprofundamento da diferenciação em áreas estratégicas, com um desempenho que se pretende, gradualmente, excecional.

 Reitora da Universidade de Évora

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