Satélites europeus Planck e GOCE chegam esta semana ao fim das suas vidas

O primeiro vai ser desactivado na próxima quarta-feira, o segundo ficou sem combustível esta segunda-feira.

Imagem da radiação "fóssil" do Universo obtida pelo satélite Planck
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Imagem da radiação "fóssil" do Universo obtida pelo satélite Planck AFP PHOTO / ESA / LFI & HFI Consortia
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Imagem da radiação "fóssil" do Universo obtida pelo satélite Planck AFP PHOTO / ESA / LFI & HFI Consortia

O satélite Planck da Agência Espacial Europeia (ESA), lançado em 2009 à procura da primeira luz emitida pelo Universo após o Big Bang, está a viver as suas últimas horas de actividade no espaço.

Para o desactivar em segurança, os controladores da missão reacenderam esta segunda-feira os propulsores do satélite de forma a esgotar a totalidade do combustível que lhe resta. O Planck irá ser colocado “numa trajectória que o irá manter numa órbita [estacionária] à volta do Sol, bem longe do sistema Terra-Lua, durante centenas de anos”, salientou Steve Foley, do Centro Europeu de Operações Espaciais em Darmstadt (Alemanha).

Todas as operações científicas a bordo do satélite ficaram concluídas a 3 de Outubro e os seus instrumentos foram desligados no sábado passado. “A última etapa consistirá simplesmente em desligar os seus emissores: assistiremos ao silenciamento do Planck e nunca mais receberemos o seu sinal”, acrescentou o mesmo responsável. O comando final será enviado na quarta-feira, durante uma pequena cerimónia dirigida por Jan Tauber, responsável científico do Planck, uma missão que permitiu desenhar a imagem mais precisa de sempre do Universo enquanto jovem e cujos resultados finais foram apresentados em Março passado.

O dispositivo principal do Planck, o Instrumento de Alta Frequência, funcionou durante 30 meses – ou seja, o dobro do tempo inicialmente previsto – antes de as reservas de hélio do seu sistema de arrefecimento se terem esgotado, em Janeiro de 2012. Até lá, o satélite já realizara cinco levantamentos completos do céu e, a seguir, realizaria mais três graças ao seu segundo dispositivo, o Instrumento de Baixa Frequência. Os resultados permitiram concluir que o Universo tinha 13,82 mil milhões de anos, sendo por isso uns 80 milhões de anos mais velho do que se pensava.

Entretanto, a sonda GOCE, lançada em 2009 para cartografar as variações da gravidade terrestre, esgotou o seu carburante pelas 4h20 da madrugada desta segunda-feira (hora de Lisboa) e deverá efectuar a sua reentrada na atmosfera terrestre dentro de três semanas no máximo, anunciou ainda a ESA em comunicado. O acontecimento já era esperado há várias semanas.

A maior parte do satélite, que mede mais de cinco metros e pesa mais de uma tonelada, deverá desintegrar-se logo, mas é possível que alguns fragmentos de pequenas dimensões atinjam o solo, diz ainda a ESA, acrescentando que ainda não é possível prever nem a hora nem o local dessa queda. Será possível ter informações mais precisas quando o desfecho final estiver mais iminente.

O satélite foi construído antes da entrada em vigor de um acordo internacional que obriga a dotar os satélites científicos de um sistema de propulsão que faça com que caiam no mar, longe das zonas habitadas, quando a sua missão acaba. Contudo, segundo os peritos, o risco para as populações é negligenciável. “O risco de ser atingido por um fragmento de engenho espacial é 65 mil vezes menor do que o risco de ser atingido por um raio”, disse à AFP Christoph Steiger, responsável pelas operações do GOCE.

O “gradiómetro” do GOCE, um instrumento que mede a gravidade em 3D, permitiu fazer a cartografia mais precisa de sempre das variações da gravidade do nosso planeta. Os cientistas também utilizaram os dados recolhidos pelo satélite para desenhar o primeiro mapa global, em alta resolução, da fronteira entre a crosta e o manto terrestres.
 

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