Reconexão magnética vale prémio internacional a físico português

O trabalho distinguido pela Sociedade Americana de Física pode ajudar ao desenvolvimento do reactor ITER.

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O investigador Nuno Loureiro DR

O Prémio Thomas H. Stix é um prestigiado galardão na área da física, que até hoje nenhum cientista português havia alcançado. A Sociedade Americana de Física distinguiu agora Nuno Loureiro, investigador do Instituto de Plasmas e Fusão Nuclear do Instituto Superior Técnico de Lisboa, pela sua contribuição na área da física dos plasmas.

O investigador, que terminou o pós-doutoramento na Universidade de Princeton, nos Estados Unidos, e no Centro para a Energia de Fusão de Culham, no Reino Unido, regressou a Portugal em 2008 para integrar o Instituto de Plasmas e Fusão Nuclear. O estudo que tem vindo a desenvolver centra-se na reconexão magnética, um fenómeno responsável pelas erupções solares e que afecta as comunicações via satélite ou as missões espaciais tripuladas.

“As explosões solares, além de intrinsecamente interessantes, desempenham um papel determinante no chamado clima espacial, cuja compreensão é crítica para as missões espaciais tripuladas e para a estabilidade de redes de comunicação e satélites”, refere Nuno Loureiro, num comunicado de imprensa.

A reconexão magnética é o nome dado à reestruturação de um campo magnético no plasma – o quarto estado físico da matéria, que está presente no Sol. Quando grandes tensões são aplicadas num campo magnético, este em vez de quebrar, vai reconfigurar-se de modo a acomodar estas forças. “É processo algo semelhante ao que acontece quando dobramos uma banda de borracha: se aplicarmos uma tensão não muito elevada, ela retornará à posição inicial; porém se a forçarmos mais, irá eventualmente quebrar-se”, explica ao PÚBLICO Nuno Loureiro. “O campo magnético no plasma não quebra propriamente, mas reconfigura-se – isto é, “reconecta-se” – para acomodar estas forças. Nesse processo, liberta-se – de forma explosiva – imensa energia, é esta libertação de energia que associamos às explosões solares.”

O trabalho do investigador premiado pode ainda contribuir para o desenvolvimento do Reactor Internacional Termonuclear Experimental (ITER, na sigla inglesa), em construção em Cadarache, no Sul de França, e que não deverá estar pronto antes de 2020. Este reactor pretende ser o primeiro dispositivo no mundo capaz de manter uma reacção de fusão nuclear durante vários minutos e de gerar quantidades consideráveis de energia. Entre os parceiros do reactor está a União Europeia, os Estados Unidos, o Japão, a China e a Rússia.

O prémio atribuído pela Sociedade Americana de Física no valor de 2000 dólares distingue jovens investigadores (até dez anos após a conclusão do doutoramento) cujas contribuições sejam consideradas excepcionais para a área da física de plasmas. A cerimónia da atribuição realizar-se-á em Novembro deste ano, na reunião anual da Divisão de Física de Plasmas da Sociedade Americana de Física, em Savannah, nos Estados Unidos.

Texto editado por Teresa Firmino

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