Publicados dois mapas do cérebro de mamíferos como nunca o vimos

A cartografia dos genes que se activam nas diversas áreas cerebrais durante a gestação humana e a das ligações nervosas à escala de todo o cérebro do ratinho ficam disponíveis online à comunidade científica.

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Visualização 3D das ligações nervosas entre diversas áreas do córtex cerebral do ratinho Instituto Allen

A revista Nature publica esta quarta-feira dois artigos que, respectivamente, descrevem os dois mapas mais completos de sempre do cérebro de mamíferos. Um deles mostra os padrões de activação genética que levam ao desenvolvimento do cérebro humano; ou outro é um atlas das ligações nervosas existentes no cérebro do ratinho – o primeiro cérebro de mamífero a ser assim completamente cartografado.

Ed Lein e colegas, do Instituto Allen de Estudo do Cérebro em Seattle (EUA) – criado por Paul Allen, co-fundador da Microsoft em 1975 – geraram agora um “plano de construção” em alta resolução do cérebro humano, detalhando, com uma precisão anatómica sem precedentes, onde é que os diversos genes estão activados e desactivados a meio da gravidez, explica aquele instituto em comunicado.

O projecto, baptizado BrainSpan Atlas of the Developing Human Brain (“atlas do cérebro humano em desenvolvimento à escala de todo cérebro”), foi realizado por um consórcio que integra o Instituto Allen, várias prestigiadas universidades norte-americanas e os Institutos Nacionais de Saúde (a agência federal que financia a investigação pública nos EUA). Os dados estão disponíveis gratuitamente em http://www.brain-map.org/.

Em particular, este novo mapa permite identificar locais onde é activada uma série de genes associados a doenças neurológicas e psiquiátricas, tais como o autismo, que se sabe estarem ligadas ao desenvolvimento cerebral.

Pelo seu lado, Hongkui Zeng, do mesmo instituto, e colegas apresentam o primeiro mapa à escala de todo o cérebro de um mamífero, a saber o do ratinho. O mapa é o mais completo até à data de qualquer espécie de vertebrado e fornece novas pistas sobre como as várias áreas cerebrais comunicam entre si, explica ainda aquela instituição em comunicado. Os autores do trabalho sugerem que os seus dados – também disponíveis publicamente em http://www.brain-map.org/ – poderão contribuir para o estudo dos circuitos neuronais humanos, com vista a melhor se perceber a conectividade cerebral e as suas disfunções.

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