Prémio distingue reabilitação da floresta destruída pelo fogo na Madeira

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O Pico do Areeiro é uma das zonas abrangidas pela recuperação do coberto vegetal Pedro Cunha

Elda Sousa foi a vencedora do Prémio Terre de Femmes 2012, instituído pela Fundação Yves Rocher, com o projecto "Renascer das Cinzas". Como nas edições anteriores, voltaram a ser distinguidos três projectos que visam a promoção da sustentabilidade e do ambiente, desenvolvidos e implementados por mulheres portuguesas.

Impulsionadora do viveiro de plantas endémicas da Associação dos Amigos do Parque Ecológico do Funchal (AAPEF), na Quinta Jardins do Lago, Elda Sousa integra o projecto implementado por esta associação na sequência dos dramáticos eventos de Agosto de 2010, quando o maciço central da ilha da Madeira foi devastado por incêndios que atingiram 12% do território. "Sentiu-se então a urgência de colmatar as necessidades de plantas endémicas e indígenas para iniciar de imediato a recuperação do coberto vegetal das zonas altas da ilha, nomeadamente as áreas de plantação que a associação coordena com o trabalho de sócios e outros voluntários, no Pico do Areeiro e no Campo de Educação Ambiental do Cabeço da Lenha", frisa Elda Sousa, guia-intérprete.

O incêndio de grande dimensão afectou o trabalho que a Associação dos Amigos do Parque Ecológico do Funchal vinha realizando desde 2001 no Pico do Areeiro e no Campo de Educação Ambiental do Cabeço da Lenha. Nesta propriedade estava a ser desenvolvido um projecto de recuperação da biodiversidade, bastante delapidada pelo pastoreio intensivo e por fogos. O projecto, para além da reflorestação feita exclusivamente em regime de voluntariado, englobava um circuito pedonal de descoberta da natureza com informação sobre a origem e evolução geomorfológica da serra encimada pelo Pico do Areeiro.

Floresta contra cheias

O objectivo, frisa o geógrafo Raimundo Quintal, presidente da AAPEF, é "despertar as consciências para a profunda relação entre a floresta e os recursos hídricos, demonstrando no terreno como é possível aumentar consideravelmente a infiltração da água e diminuir os riscos das cheias repentinas". O incêndio "destruiu quase uma década de trabalho, mas logo após a catástrofe decidimos que era importante retomar o projecto".

Com o viveiro, agora distinguido, pretendem produzir nos próximos anos uma grande quantidade de plantas indígenas para continuar o trabalho de repovoamento vegetal daquelas áreas. "Queremos aumentar não só o número de plantas, mas também a variedade de espécies indígenas típicas das grandes altitudes", afirma Elda Sousa, revelando que quase todos os sábados entre 200 a 300 plantas saíam no viveiro, para serem plantadas por dezenas de voluntários e associados da AAPEF. "Fizemos as sementeiras e neste momento já saíram cinco mil plantas para o Cabeço da Lenha e ainda temos mais de dez mil para plantar", diz com orgulho.

No último fim-de semana, apesar da geada, ficaram na serra mais 1200 plantas de uma dúzia de espécies indígenas criadas no viveiro coordenado por Elsa Sousa e oferecidas pela Direcção Regional de Florestas.

Além de Elda Sousa, que representará Portugal no concurso internacional Terre de Femmes, a 8 de Março em Paris, a Fundação Yves Rocher distinguiu este ano Alexandra Cunha, com o projecto "Adopte-uma-Pradaria-Marinha", desenvolvido com o apoio do Centro de Ciências do Mar do Algarve (CCMAR) para sensibilizar o público e as entidades responsáveis para a degradação destes habitats. E, em terceiro lugar, ficou Ana Sofia André, pelo projecto "Viveiro de plantas autóctones", desenvolvido em colaboração com o Grupo Flamingo.

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