Países da África Ocidental têm como meta acabar com o ébola em 60 dias

Nas duas últimas semanas, o número de casos aumentou. Desde o início da epidemia, já houve 9177 mortes e 22.894 casos.

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Uma equipa de saúde enterra o corpo de um doente suspeito de ter tido ébola, em Freetown, na Serra Leoa Baz Ratner/Reuters

Os três países com epidemia de ébola, Guiné-Conacri, a Libéria e a Serra Leoa, disseram nesta segunda-feira que têm como meta acabar com novos casos da doença nos próximos 60 dias. Este novo prazo surge numa altura em que os números de novos casos de ébola aumentaram nas últimas duas semanas, depois de terem vindo a baixar desde o final de Dezembro em dois – Guiné-Conacri e Serra Leoa – dos três países.

Houve 144 novos casos de ébola entre 1 e 8 de Fevereiro, de acordo com último relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS), de 11 de Fevereiro. A Guiné-Conacri teve 65 novos doentes de ébola, depois de na semana anterior ter tido 39. A Serra Leoa teve 76 novos casos e a Libéria teve apenas três.

Desde o início do surto, que surgiu na Guiné-Conacri em Dezembro de 2013, já morreram 9177 pessoas e houve cerca de 22.894 casos de ébola. Segundo a OMS, a percentagem de mortes oscila entre os 53% e os 60% nos três países ainda afectados. É o pior surto de sempre desde que esta doença surgiu em 1976 no antigo Zaire, hoje República Democrática do Congo. Na nova epidemia, o vírus chegou a atingir a Nigéria, o Senegal, os Estados Unidos, a Espanha, o Mali e o Reino Unido.

Os chefes de Estado dos países da União do Rio Mano, onde se incluem a Guiné-Conacri, a Libéria, a Serra Leoa e a Costa do Marfim – que não teve nenhum caso de ébola –, consideraram que a ajuda internacional foi importante no combate à epidemia, segundo um comunicado desta segunda-feira da Presidência da Guiné-Conacri.

“Os chefes de Estado e os governos da União do Rio Mano reconhecem que o esforço feito pelos Estados e pela comunidade internacional levou ao declínio do ébola. E querem que o número de novos casos de ébola seja zero num prazo de 60 dias, a contar a partir de 15 de Fevereiro”, lê-se no comunicado, citado pela agência Reuters.

Para isso, os países ainda terão de resolver os problemas que estiveram na origem desta última subida de casos. Na Serra Leoa, onde há sete distritos com novos casos, a transmissão continua muito difundida, de acordo com a OMS. “Um total de 41 enterros em condições de risco foram reportados na semana de 8 de Fevereiro”, lê-se no relatório da organização.

Já na Guiné-Conacri, há incidentes de segurança – que possibilitam a transmissão do vírus entre pessoas – num terço das prefeituras afectadas pelo vírus. Na Libéria, a situação parece estar mais controlada: “Todos os [três] casos surgiram na mesma área do condado de Montserrado [onde fica a capital Monróvia], ligados a uma única cadeia de transmissão.”

O ébola é causado por um vírus que se transmite pelos fluídos de uma pessoa infectada. Os primeiros sintomas são mal-estar, febre e dores de cabeça, que podem evoluir para uma situação mais séria com vómitos, diarreia e hemorragias. Ainda não há um nem medicamento nem uma vacina comercializados contra o vírus, apesar de a comunidade médica internacional estar a testar fármacos e vacinas.

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