O bebé que nasceu duas vezes

Às 16 semanas de gravidez foi diagnosticado um tumor a um bebé. Teve de ser retirado do ventre da mãe para ser operado. Voltou lá para dentro e nasceu outra vez em Junho passado.

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Quando foi operada, Lynlee pesava 530 gramas e o tumor era quase do seu tamanho PAUL V. KUNTZ/TEXAS CHILDREN'S HOSPITAL

Margaret Hawkins Boemer, do Texas, nos Estados Unidos, dirigiu-se a uma consulta de rotina à 16.ª semana de gravidez. No entanto, ficou a saber que o bebé que trazia no útero tinha um tumor na coluna, mais concretamente no cóccix.

Este tumor, denominado teratoma sacrococcígeo, afecta principalmente fetos ou recém-nascidos, atingindo a zona da coluna e podendo provocar paragens cardíacas. A probabilidade é maior nas raparigas do que nos rapazes e, apesar de ainda ser considerado raro, o tumor incide, em média, em uma em cada 35 mil gravidezes.

Ora, a menina do Texas teve então de nascer duas vezes para sobreviver à doença. Isto porque, depois de realizado o diagnóstico, a equipa médica avançou para uma operação. Por isso, foi necessário retirar o bebé do útero da mãe para se proceder à cirurgia, que durou 20 minutos.

Como se não bastasse, este não foi o primeiro percalço na gravidez de Margaret Boemer. Num primeiro momento esperava gémeos, tendo perdido um deles antes do segundo trimestre de gravidez. Foi, inclusivamente, aconselhada a terminar a gravidez por completo quando se conheceu o plano de cirurgia da equipa médica.

Apesar disso, a cirurgia foi realizada. A menina, chamada Lynlee, pesava 530 gramas na altura da operação, e o tumor era quase do mesmo tamanho do que o próprio feto. Foram dadas 50% de hipóteses de sobrevivência.

À CNN Margaret Boemer contou: “Às 23 semanas, o tumor estava a provocar falhas no coração dela [de Lynlee] e a causar-lhe paragens cardíacas, por isso era uma escolha entre deixar o tumor apoderar-se do corpo dela ou oferecer-lhe uma hipótese na vida.” Assim, a mãe não teve dúvidas: “Foi uma decisão fácil para nós: queríamos dar-lhe uma vida.”

Carrel Cass, do Centro Fetal do Hospital Pediátrico do Texas, e que fez parte da equipa médica que realizou a operação, explica a sua complexidade, revelando que o tumor era tão grande que foi necessária uma incisão “enorme”, obrigando o bebé a ficar “pendurado no ar”.

O coração de Lynlee esteve praticamente parado durante a intervenção, sendo por isso necessário um especialista cardíaco para a manter viva durante esse tempo. Depois de terminada a operação, o bebé voltou para o útero da mãe.

E em Junho Lynlee voltou ao mundo, mas agora para ficar cá. Até a esse dia Margaret Boemer não saiu da cama. A criança ainda é muito nova “mas está muito bem”, informa Carrel Cass.

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