Neto do comandante Cousteau vai ficar 31 dias num laboratório subaquático

Missão vai decorrer no Aquarius, um habitáculo de 13 metros de comprimento que está a 19 metros de profundidade, ao largo da Florida.

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O Aquarius é o único habitáculo de investigação científica no fundo do mar NASA

Fabien Cousteau, neto do famoso explorador francês Jacques-Yves Cousteau, irá descer a 1 de Junho até ao único habitáculo subaquático para investigação científica existente em todo o mundo – o Aquarius, a 19 metros de profundidade na costa da Florida, nos Estados Unidos. Aí permanecerá durante 31 dias, noticiou a agência Lusa, acompanhado por estudantes da Universidade Internacional da Florida, a instituição que opera agora o Aquarius. Missão 31 é o nome desta aventura subaquática.

“O tema global da Missão 31 é a ligação homem-oceano na perspectiva da exploração e descoberta”, diz Fabien Cousteau, num comunicado da Universidade Internacional da Florida. “A Missão 31 irá prestar homenagem ao trabalho do meu avô e a todos os aquanautas que desde então o seguiram em nome da exploração do oceano.”

Fabien Cousteau está a referir-se à aventura do seu avô que pôs, em 1963, seis aquanautas a viver durante um mês numa casa construída no Mar Vermelho, a dez metros de profundidade. Era a Estação Dois da Continental Shelf, que sucedia ao primeiro habitáculo desenvolvido pelo comandante Cousteau e que foi colocado ao largo de Marselha, França, em 1962, também a dez metros de profundidade. Eram as primeiras experiências de habitáculos para humanos no fundo do mar.

O resultado das vivências de um mês na casa com vista para o fundo do Mar Vermelho foi um documentário realizado por Jacques-Yves Cousteau – O Mundo sem Sol – e que ganhou um Óscar em 1964.

Ex-oficial da marinha francesa, o comandante Cousteau não era propriamente um cientista, mas permitiu que as ciências oceanográficas se desenvolvessem através da sua divulgação junto do público. Além disso, nas suas expedições oceanográficas – a bordo do igualmente famoso Calypso – seguiam muitas vezes cientistas. Falecido em 1997, com 87 anos, o seu legado inclui ainda a invenção (com o engenheiro francês Émile Gagnan), durante a II Guerra Mundial, do regulador do escafandro, uma peça que debita o ar à pressão ambiental. Até aí, a regulação das válvulas era manual, mas com a invenção deste aparelho pôde dar-se a conquista do mar por toda a gente. Resumindo, Jacques-Yves Cousteau, sempre inseparável do seu gorro vermelho, foi explorador, inventor, realizador de documentários sobre os oceanos e divulgador da vida marinha e do mar.

O seu neto Fabien Cousteau procura seguir-lhe os passos na exploração dos oceanos e realização de documentários. Visitou pela primeira vez em 2012 o Aquarius, um cilindro de 13 metros de comprimento e 2,7 metros de diâmetro que se encontra a cerca de seis quilómetros das costas de Key Largo, perto de um recife de corais no Santuário Nacional Marinho das Florida Keys. Agora regressa para uma missão de 31 dias, a mais longa do laboratório, onde geralmente as estadias são de dez dias e têm permitido estudos, entre outros, de monitorização do recife de corais e acções de divulgação científica.

Lá para baixo, Fabien Cousteau leva em mente as questões das mudanças climáticas e da consequente acidificação dos oceanos, a poluição dos oceanos, particularmente pela praga dos plásticos, e a exploração excessiva dos recursos e a perda de biodiversidade.

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