Nanopartícula contra cancro da mama criada em Coimbra tem patente nos EUA

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A nova partícula destina-se ao combate do cancro da mama, mas a equipa pensa poder aplicá-la a outros tipos de cancro Enric vives-Rubio

A patente para uma nanopartícula de nova geração destinada ao tratamento do cancro da mama, desenvolvida por investigadores portugueses, foi concedida nos Estados Unidos, anunciou esta segunda-feira a Universidade de Coimbra.

Criada por especialistas do Centro de Neurociências e Biologia Celular e da Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra, a nova nanopartícula teve ainda no seu desenvolvimento a colaboração do Instituto Português de Oncologia de Coimbra, da Faculdade de Farmácia de Lisboa e da Faculdade de Medicina do Porto e dispõe de um apoio de meio milhão de euros, concedidos no âmbito do Quadro de Referência Estratégica Nacional (QREN).

A nanopartícula “previne os efeitos secundários associados à quimioterapia” e, simultaneamente, “aumenta a eficácia terapêutica” do tratamento, sublinhou à agência Lusa João Nuno Moreira, investigador envolvido no projecto. Além de “matar as células cancerosas”, a nanopartícula para o tratamento do cancro da mama também aniquila “os vasos sanguíneos que alimentam o tumor, evitando reincidências”.

A nanopartícula é revestida por um polímero que a torna invisível ao sistema de defesa do organismo e, na extremidade desse polímero, possui uma espécie de “chave” que permite abrir apenas as “portas” das células cancerosas e das células que revestem os vasos sanguíneos tumorais, explicou João Nuno Moreira.

Ao entrar no interior dessas células, o que acontece? “A nanopartícula liberta o conteúdo como se fosse uma granada – disponibilizando uma grande quantidade de fármaco num curto período de tempo – e que, além de matar as células cancerosas, destrói também os vasos sanguíneos do tumor”, salientou ainda o investigador.

Os testes já realizados em animais com cancro da mama humano demonstram que a nanopartícula cumpriu a sua missão: “Percorreu todo o organismo até atingir o tumor e matou as células responsáveis sem provocar toxicidade nos restantes órgãos.”

João Nuno Moreira, outro dos investigadores responsáveis pelo projecto, pensa ser possível iniciar os testes clínicos do novo produto dentro de três anos e o medicamento chegar ao mercado quatro anos depois.

Perspectivando o alargamento desta biotecnologia a outros tipos de cancro e a sua colocação no mercado, os investigadores criaram uma spin-off – a Treat U, incubada no Biocant - Centro de Inovação em Biotecnologia, em Cantanhede.
 
 
 

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