Missão Roseta: uma Europa que ainda revela novos mundos

Muita coisa pode correr mal nesta aterragem e muita gente espalhada por essa Europa vai estar a roer as unhas no próximo dia 12 de Novembro à espera desta aterragem épica.

Foi uma longa espera. Durante dez anos, a sonda europeia Roseta, transportou no seu ventre um pequeno módulo cúbico de 100 quilos destinado a ser largado no núcleo do cometa Churiumov-Gerasimenko. No dia 12 deste mês, vamos finalmente assistir à primeira aterragem cometária da história da exploração espacial. Logo pela manhã desse dia, o pequeno robô da Agência Espacial Europeia (ESA) chamado File vai ser ejectado pela Roseta em direcção a um pequeno ponto situado num dos lóbulos deste cometa tão antigo como a própria Terra. É a primeira vez que vamos aterrar num mundo tão minúsculo e tão velho.

É, por isso, uma aterragem de alto risco que vamos acompanhar com expectativa. Depois de ejectado da Roseta, o pequeno módulo vai demorar sete horas até atingir a superfície do cometa numa lenta trajectória de queda livre. Se a aterragem for bem-sucedida, o pequeno File não terá tempo a perder. Uma câmara situada na base do módulo fará imagens do solo para se perceber onde aterrou.

Outros instrumentos analisarão o magnetismo do cometa e o seu interior, assim como a composição do gelo sombrio que recobre o cometa. Não faltarão também imagens panorâmicas da superfície em redor. Um pequeno perfurador recolherá algum material para análise pela instrumentação a bordo.

E tudo isto tem que ser feito em pouco mais de 60 horas, enquanto a bateria do File dura. Isto se ele ficar mal orientado para o Sol e não conseguir voltar a carregar as baterias através dos painéis solares que recobrem o seu corpo. Muita coisa pode correr mal nesta aterragem e muita gente espalhada por essa Europa vai estar a roer as unhas no dia 12 à espera desta aterragem épica.

O pequeno módulo tem dez instrumentos de seis países diferentes e os resultados que conseguir alcançar poderão modificar algumas das teorias que temos sobre os cometas e a sua composição. Mas o mais fascinante nesta missão é a possibilidade de analisar no local o material gelado de outrora, que presenciou a origem do sistema solar. É uma janela aberta para o nosso passado remoto, que o pequeno módulo europeu vai tentar abrir este mês. Tudo isto com a assinatura da Europa, esse velho continente que ainda revela novos mundos mesmo que fora da Terra.

Divulgador de ciência

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