Miguel Seabra é o novo presidente da Fundação para a Ciência e a Tecnologia

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Miguel Seabra (à esquerda), com Pedro Cabrita Carneiro e Paulo Pereira, a sua equipa na FCT Pedro Cunha

O médico e cientista Miguel Seabra tomou posse nesta quarta-feira como presidente da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), seguindo-se neste cargo a João Sentieiro, que esteve seis anos à frente da principal instituição financiadora do sistema científico português. No discurso da tomada de posse, Miguel Seabra, de 49 anos, anunciou o lançamento de um novo concurso para que 80 cientistas possam estabelecer-se em Portugal.

Chamado Investigadores FCT, o concurso abrirá entre Março e Abril e destina-se a cientistas doutorados. “Serão contratos de cinco anos. Temos 80 lugares garantidos”, disse ao PÚBLICO Miguel Seabra. “Vai pagar o salário de cientistas de vários níveis, desde a entrada até ao nível mais alto. O financiamento é dirigido ao indivíduo e não à instituição, embora tenha de ter uma instituição de acolhimento.” O salário destes 80 cientistas representará 3,5 milhões de euros por ano.

“É um concurso competitivo e aberto a todos os investigadores que queiram integrar o sistema científico nacional, quer os cientistas que já estão nas unidades de investigação”, acrescentou Miguel Seabra, dizendo ainda que os cientistas no estrangeiro também poderão aproveitar e fazer a passagem para Portugal.

E depois dos cinco anos? “A FCT não tem capacidade de financiamento para manter carreiras, que são do sistema universitário. A FCT tem um sistema que é dinâmico, que permite a entrada e a manutenção [de investigadores] no sistema científico”, respondeu Miguel Seabra, que tem como vogais no conselho directivo da FCT Paulo Pereira e Pedro Cabrita Carneiro.

Até agora, Miguel Seabra dirigia o Centro de Estudos de Doenças Crónicas da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa. Licenciado em medicina em 1986, por aquela faculdade, fez depois o doutoramento na Universidade do Texas, em Dallas. Daí partiu para Londres, onde esteve durante dez anos, até 2007, como professor do Imperial College. Foi nesse ano que regressou a Portugal e à Faculdade de Ciências Médicas.

“A FCT é o braço executivo do Ministério [da Ciência] e tem tido uma importância extraordinária na definição e execução de políticas na ciência e no financiamento. Por que aceitei este cargo, sendo um cientista ainda muito activo? A resposta é simples: é o momento na vida do nosso país em que todos temos de dar um contributo. Podemos fazer muito sem expectativas de aumentar o orçamento. Com o mesmo dinheiro ou com razoável dinheiro, há imenso a fazer”, referiu no discurso Miguel Seabra, que vai chegar à FCT com um orçamento para 2012 de 394,5 milhões de euros (281,4 dos quais são a parte portuguesa e o restante inclui dinheiro comunitário), o que é um corte de 42 milhões face a 2011 e menos 40 por cento do proposto para 2009, então com 654,1 milhões. Este ano, a ciência terá o orçamento mais baixo dos últimos seis anos, pois é preciso recuar até 2006, com 325,4 milhões de euros, para encontrar menos dinheiro do que em 2012.

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