Os mexilhões de água doce da Europa estão ameaçados

Estudo internacional coordenado pela Universidade do Porto.

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Mexilhão de água doce da espécie Anodonta anatina Joel Berglund

Os mexilhões de água doce em toda a Europa estão “fortemente ameaçados”, com 75% das espécies em risco, conclui um estudo científico europeu liderado por investigadores do Centro de Investigação de Marinha e Ambiental da Universidade do Porto

As várias actividades humanas que resultam em perda e fragmentação do habitat, poluição, introdução de espécies invasoras, exploração excessiva de recursos e mudanças na temperatura e regimes de caudais são as principais causas identificadas como sendo “responsáveis pelo declínio destas espécies a nível europeu, incluindo em Portugal”, revela a investigação noticiada pela agência Lusa.

O estudo sobre o estatuto de conservação dos mexilhões de água doce na Europa e os desafios futuros foi publicado na revista Biological Reviews. Contou com Manuel Lopes-Lima, investigador do Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental (CIIMAR) da Universidade do Porto, e Ronaldo Sousa, professor no Departamento de Biologia da Universidade do Minho, como autores principais da investigação, e envolveu um total de 49 investigadores de 26 países europeus.

O estudo científico alerta para o facto de que os mexilhões de água doce (da ordem Unionida) serem um dos grupos de organismos mais ameaçados no planeta. “Do total de 478 espécies avaliadas (...), 30% encontram-se ameaçadas e 22 extintas, estando globalmente em forte declínio”, lê-se em comunicado da Universidade do Porto.

Os mexilhões, que são moluscos, são espécies responsáveis por “importantes funções e serviços ambientais”, tais como a filtração da água, intervenção nos ciclos biogeoquímicos, habitat para outras espécies associadas e fonte de alimento para outros animais, pelo que o seu declínio poderá gerar graves impactos em ecossistemas aquáticos, alertam os investigadores.

Os cientistas defendem a necessidade de mais medidas de conservação no terreno e campanhas de educação ambiental e ciência-cidadã, de forma a ajudar a compreender e conservar os mexilhões.

O ciclo de vida dos mexilhões consiste nas larvas destes animais passarem obrigatoriamente por uma fase como parasitas, utilizando peixes como hospedeiros, o que aumenta substancialmente o seu poder de colonização, incluindo a possibilidade de dispersão para montante nos rios. Essa característica faz com que os moluscos sejam bioindicadores do estado das populações piscícolas, uma vez que o bom estado das populações de mexilhões de água doce indica que as populações de peixes hospedeiros estarão também em boas condições.

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