Mercúrio do peixe aumenta riscos cardíacos

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O mercúrio está presente em concentrações algo elevadas no peixe-espada, robalo, cavala e tubarão DR

A taxa de mercúrio no organismo está directamente associada ao risco de doença cardíaca, indica um estudo internacional que defende a limitação do consumo de certos peixes em que a concentração deste metal pode ser perigosa.

Este estudo, conduzido junto de centenas de pessoas em oito países europeus e em Israel, determina que os níveis de mercúrio encontrados no peixe anulam os efeitos dos ácidos gordos que resultam do seu consumo.

O estudo foi conduzido em 684 homens que foram vítimas de enfartes do miocárdio. Estes resultados foram comparados com 724 homens dos mesmos países, mas que não tinham sido vítimas de acidentes cardíacos.

Os resultados demonstram que os níveis de mercúrio encontrados entre os doentes que tinham sofrido um enfarte eram 15 por cento superiores aos níveis detectados nas pessoas sem problemas cardíacos.

"Os nossos resultados sugerem que o mercúrio que existe no peixe poderá, em alguns casos, anular o benefício dos ácidos gordos também presentes no peixe", explicou Eliseo Guallar, da Universidade Johns Hopkins, que dirigiu os trabalhos.

Os resultados desta investigação são publicados na edição de hoje da revista norte-americana "The New England Journal of Medicine".

O mercúrio existe sob várias formas na natureza, mas o peixe é a principal forma de exposição do homem ao metilmercúrio, presente de forma relativamente elevada no peixe-espada, robalo, cavala, tubarão e em certos peixes de zonas contaminadas. O atum e a dourada possuem quantidades inferiores de mercúrio, segundo os especialistas.

Os autores do estudo utilizaram pedaços de unhas dos participantes para medir a sua exposição ao mercúrio e os tecidos adiposos para determinar os níveis de ácidos gordos provenientes do peixe no seu organismo.

Em seguida, relacionaram os níveis de mercúrio e ácidos gordos com os riscos de ataques cardíacos. O mercúrio foi directamente associado ao risco de ataque cardíaco e os ácidos gordos à redução do risco, tendo os dois efeitos a tendência para se anularem.

"A exposição ao metilmercúrio já era uma preocupação em certos grupos de risco como as grávidas, mas este cuidado deve talvez ser alargado à população em geral", afirmam os investigadores.

No entanto, a recomendação dos cientistas não é que as pessoas parem de comer peixe.

"O consumo de peixes variados, duas a quatro vezes por semana, colocando a tónica nos peixes gordos com um baixo nível de mercúrio, como o salmão, permitiria reduzir os riscos cardiovasculares", explicou Guallar.

O estudo foi financiado pela Comissão Europeia e por fundos para a investigação britânicos, holandeses, espanhóis, alemães, noruegueses, russos, suíços e israelitas.

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