Há pessoas que não gostam mesmo de música

Cientistas identificaram pessoas com uma incapacidade específica de ter prazer em ouvir música.

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Nem todos somos sensíveis à música Paulo Pimenta

Uma equipa internacional conclui que certas pessoas, apesar de serem perfeitamente capazes de ter prazer noutras actividades – e de o seu cérebro ser perfeitamente capaz de processar os sons musicais –, não conseguem sentir prazer quando ouvem música. Os cientistas, que publicaram os seus resultados na revista Current Biology, baptizaram esta inédita incapacidade de “anedonia musical específica”.

Josep Marco-Pallarés, da Universidade de Barcelona (Espanha), e colegas já suspeitavam da existência desta forma de anedonia (apelação genérica dada a qualquer incapacidade de sentir prazer). Certos indícios tinham surgido ao submeterem, anteriormente, uma série de voluntários a um questionário relacionado com a questão, explica a revista em comunicado.

E agora confirmaram experimentalmente o seu palpite, através de tarefas e medições (do ritmo cardíaco, por exemplo) que permitem determinar se os circuitos neuronais de uma pessoa associados à sensação de recompensa estão ou não a contribuir para as reacções dessa pessoa. Obviamente, neste caso, as tarefas envolviam a audição de peças musicais agradáveis.

Conclusão: algumas pessoas, que para todos os efeitos são felizes e saudáveis, ficavam impávidas perante a música. “A identificação destas pessoas poderá ser bastante importante para se perceber as bases neuronais [do prazer em ouvir] música – isto é, para determinar como um conjunto de notas musicais são traduzidas em emoções”, diz Marco-Pallarés no mesmo comunicado.

Por outro lado, acrescenta o cientista, “a ideia de que as pessoas podem ser sensíveis a um tipo de recompensa e não a outro sugere que poderá haver diferentes formas de acesso ao sistema cerebral da recompensa e que, em função de cada um, algumas poderão ser mais eficazes do que outras.” Isto poderá ter, nomeadamente, implicações para o estudo das toxicodependências e das perturbações afectivas.

Os cientistas propõem aqui um teste a quem quiser medir a sua afectividade musical.

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