Francis Collins vai ser o novo director dos Institutos Nacionais de Saúde dos EUA

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Francis Collins em 2000, a falar com o então Presidente Bill Clinton, e Craig Venter à esquerda Win McNamee/REUTERS

Francis Collins, que liderou o projecto de sequenciação do genoma humana, é a escolha do Presidente Barack Obama para dirigir os Institutos Nacionais dos Estados Unidos (NIH, na sigla em inglês), a mais importante entidade de financiamento de investigação em biomedicina a nível mundial.

Nos próximos 14 meses, os NIH darão 37 mil milhões de dólares em bolsas e investigação, adianta o “New York Times”. Collins sucedeu a James Watson (co-descobridor da estrutura da molécula de ADN) no projecto internacional de sequenciação do genoma humano, que se prolongou durante a década de 1990 – embora tenha sofrido forte aceleração no final, devido à concorrência da empresa Celera. Esta tinha então como homem forte Craig Venter, um carismático cientista que defendia a muito maior rapidez da técnica de sequenciação “shotgun”, em oposição ao método utilizado pelo consórcio internacional.

Ventre e Collins foram os dois rostos desta disputa científica – que tinha por fundo também a questão de poderem ou não ser patenteados genes humanos. A sequenciação da Celera não seria simplesmente colocada nas bases de dados públicas, a análise dos dados seria vendida a clientes. A corrida acabou por criar duas sequências, cuja primeira versão foi publicada ao mesmo tempo, nas revistas “Science” e “Nature”, em Fevereiro de 2000.

Collins, de 59 anos, distingue-se também pelo seu empenho público em defender a religião, tentando compatibilizá-la com a ciência – um tema sempre sujeito a polémicas nos EUA, onde a maioria da população acredita literalmente no que diz o Genésis sobre a formação da Terra e o aparecimento da vida. Collins escreveu o livro “A Linguagem de Deus” (editado em Portugal pela Presença) num esforço de conciliação dessas duas visões do mundo.

Até ao ano passado, Collins dirigiu o Instituto Nacional de Investigação sobre o Genoma Humano (que faz parte dos NIH). Segundo o “New York Times”, alguns cientistas colocam algumas objecções ao seu nome por ter sido demasiado entusiasta nas potencialidades da genómica para uma nova era da medicina. Mas a aprovação do seu nome pelo Congresso deve ser certa, adianta o jornal de Nova Iorque.

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