Espinossauro, o primeiro dinossauro aquático

Descoberta de ossos desta espécie revela adaptações a um quotidiano aquático, características inéditas dentro do grupo dos dinossauros.

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Representação do esqueleto do Spinosaurus aegyptiacus Tyler Keillor, Lauren Conroy, and Erin Fitzgerald, Ibrahim et al., Science/AAAS

Com 15 metros, uma membrana espinhosa nas costas e dentes arreganhados, o espinossauro aparece no Parque Jurássico 3 como um aterrador bípede atrás de humanos. E é alvo frequente de uma luta imaginária contra o tiranossauro. Mas 2014 é o ano da reviravolta para este dinossauro. Afinal, o Spinosaurus aegyptiacus poderá ter vivido a maior parte da vida na água a caçar (enormes) peixes, com adaptações anatómicas nunca antes vistas nos dinossauros, mostra um novo esqueleto desenterrado em Marrocos. Os resultados aparecem num artigo na edição desta sexta-feira da revista Science.

“Nas últimas duas décadas, várias descobertas demonstraram que certos dinossauros deram origem às aves. O espinossauro representa um processo evolucionário igualmente bizarro, revelando que os dinossauros predadores adaptaram-se a uma vida semiaquática e invadiram os sistemas fluviais do Norte de África no Cretácico”, explicou Cristiano Dal Sasso, do Museu de História Natural de Milão, um dos autores da equipa.

O primeiro fóssil desta espécie foi encontrado no Egipto pelo paleontólogo alemão Ernst Freiherr Stromer, em 1912, que defendeu que o animal era terrestre. O esqueleto acabou por ser destruído durante o bombardeamento de Munique em 1944, mas sobraram notas e desenhos do cientista.

Há poucos anos, a equipa de Dal Sasso descobriu ossos de um outro indivíduo desta espécie no Sudeste de Marrocos. O fóssil tem 95 milhões de anos. Na altura, o Norte de África era coberto por sistemas fluviais.

Usando os desenhos de Ernst Freiherr Stromer e espécies próximas do espinossauro, os cientistas reconstruíram agora o esqueleto deste carnívoro, que revela várias adaptações ao meio marinho: um órgão na ponta do nariz que sente vibrações na água, narinas mais próximas do topo do crânio para respirar com parte da cabeça dentro de água, uma cauda capaz de dar propulsão. Sacha Vignieri, editora da Science, defende que a descoberta “mostra que os dinossauros eram ecologicamente mais diversos do que julgávamos”.   

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