Despertador vai acordar sonda espacial que viaja há três anos adormecida

Sonda Roseta tem encontro marcado com um cometa, a centenas de milhões de quilómetros da Terra.

Foto
Rosetta lançará uma sonda menor, que tentará pousar sobre o cometa ESA

Se tudo correr como o planeado, às 10 horas da manhã desta segunda-feira soará, a muitos milhões de quilómetros da Terra, aquilo a que a Agência Espacial Europeia classifica como “o mais importante despertador do Sistema Solar”.

Por acordar está uma espécie de bela adormecida espacial, uma sonda lançada em 2004 e que há quase três anos está em sono profundo, para poupar energia na sua longa viagem.

A sonda Roseta tem encontro marcado com um cometa – de nome 67P/Churiumov-Gerasimenko –, num ponto do espaço a 807 milhões de quilómetros da Terra e a 673 milhões de quilómetros do Sol. Fará uma série de manobras de aproximação, lançando finalmente uma sonda menor – a File – que irá pousar sobre a superfície do cometa, para estudá-lo.

É a primeira missão espacial destinada a orbitar e pousar num cometa, estudando em maior detalhe este tipo de objecto celeste que está associado à origem do Sistema Solar. Nunca houve uma missão tão complexa e ousada como esta em relação a um cometa, diz a Agência Espacial Europeia.

Para já, as atenções todas estarão postas no momento do despertar. A sonda foi lançada por um foguetão Ariane em Março de 2004. Deu três voltas à Terra e uma a Marte para ganhar impulso e lançou-se no espaço profundo. No dia 8 de Junho de 2011, entrou em hibernação, apenas com alguns equipamentos essenciais ligados.

A sonda viajou para tão longe que os seus painéis solares não seriam capazes de captar energia suficiente para mantê-la totalmente activa. Chegou a estar a 800 milhões de quilómetros do Sol e a 1000 milhões de quilómetros da Terra. Onde está agora, a energia solar equivale a apenas 4% da que chega normalmente à Terra.

O momento crítico está marcado para as 10h, mas só muitas horas mais tarde é que se vai saber se a sonda está viva. O seu despertar começará com o aquecimento do sistema que permite, através da localização da posição das estrelas, orientar a sua navegação.

Depois, a sonda fará um conjunto de manobras, orientará a sua antena em direcção à Terra e só então transmitirá os primeiros sinais. Serão precisos 45 minutos para quem cheguem aos radares. A Agência Espacial Europeia estima que isto ocorra entre 17h30 e 18h30.

O encontro da Roseta com o cometa – que os cientistas acreditam ter cerca de quatro quilómetros de diâmetro – só ocorrerá em Agosto e em Novembro é que se tentará pousar a sonda File, que ficará agarrada à superfície. Durante mais de um ano, serão feitas diversas experiências para estudar o cometa, na sua trajectória de aproximação ao Sol. A File acabará por se desprender e a missão deverá ser encerrada em Dezembro de 2015.
 

Sugerir correcção
Comentar