Planetário do Porto reabre ao público com viagem desde o Big Bang até às células

Em exibição está o filme norte-americano Vida - Uma História Cósmica.

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Passagem pelos anéis de Saturno simulada com o novo software do planetário Planetário do Porto
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No interior do planetário Planetário do Porto

O que tem a folha de uma sequóia em comum com uma lua de Marte? Aparentemente, nada. Mas, o filme Vida – Uma História Cósmica, que marca a reabertura ao público do Planetário do Porto esta quarta-feira, com três sessões diárias, vem dar razão ao provérbio: nem tudo o que parece é.

Depois de fechado durante cerca de um ano, o Planetário do Porto tem uma nova tecnologia que permite exibir simulações de todo o Universo visível. E porque o Universo tem muito para contar, o planetário traz ao público a mais antiga história, a história de tudo, centrando-se na vida na Terra.

São 13.700 milhões de anos, decorridos desde o Big Bang, condensados em 25 minutos. Uma tarefa quase impossível, que foi facilitada pelas remodelações no planetário. Substituiu-se o projector, a cúpula e a disposição da sala. Agora, o planetário conta com um sistema digital de projecção, que já permite passar vídeos, documentários para serem exibidos em planetários e até mesmo criar esses filmes e simulações do Universo. É o maior planetário digital do país.

“O projector antigo projectava as estrelas e os planetas com os movimentos adequados, mas com imagem fixa. Os projectores actuais conseguem simular o Universo todo. O Sol é projectado no exacto lugar onde se encontra na realidade, assim como todos os astros”, diz Daniel Folha, director executivo do Planetário do Porto.

É utilizado um programa de computador que inclui dados reais para que se possa viajar pelo espaço sem sair da cadeira. A cúpula, que já não é a mesma, foi feita à medida do planetário com 12,5 metros de diâmetro e, para isso, foi necessário mudar também disposição das cadeiras, que agora são orientadas para uma parte especial da cúpula, o centro da acção. O investimento de 500 mil euros na remodelação do planetário permite agora a transmissão de filmes imersivos: “Parece que estamos dentro do que está a ser projectado, deixamos de estar na Terra para viajar no espaço”, explica Daniel Folha.

Vida – Uma História Cósmica, produzido pelo Planetário Morrison, da Academia de Ciências da Califórnia, nos Estados Unidos, é um exemplo disso, recuando milhões e milhões de anos, até à origem do Universo, dos elementos químicos e, por fim, até à origem da vida. Num vaivém, tão depressa se está a ver o Universo em toda a sua dimensão, como o funcionamento de uma célula impossível de observar a olho nu. Conduzidos pela voz de Diogo Infante na versão portuguesa (na versão original, é narrada pela actriz Jodie Foster), vê-se não só aquilo que se espera ver num planetário, o espaço, como também as mais pequenas partículas de que é feita a vida. Em menos de meia hora, o espectador depara-se com a origem dos primeiros elementos, o que ocorreu 380 mil anos após o Big Bang.

O filme mostra-nos ainda o que seria um céu sem estrelas e encaminha o espectador para a sua formação e para o céu como hoje o conhecemos. E, por entre a evolução da composição do Universo na sua fase inicial, são estabelecidas condições necessárias para a existência de planetas e de vida nos planetas. E aqui entra a Terra. Vida – Uma História Cósmica passa do infinitamente grande para o infinitamente pequeno, como são os primeiros seres simples, de uma só célula e, ainda assim, vivos do planeta azul.

A viagem continua por entre a evolução das espécies até ao mundo como o conhecemos no dia de hoje e mostra que a Terra nos conta a sua própria história. Há tempo para falar em rochas sedimentares, fósseis, vulcões e até a constituição do ADN. Do infinitamente pequeno para o infinitamente complexo, para o que se sabe da vida a nível microscópico. E interliga-se aquilo que não parece possível de interligar. Todos os organismos da Terra estão ligados e uma folha de sequóia, ainda que infinitamente mais pequena do que uma lua de Marte, partilha uma origem comum.

Texto editado por Teresa Firmino

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