Colisões no CERN atingiram novo recorde de energia

O acelerador de partículas LHC ainda está em fase de testes após a reabertura em Abril, mas já fez as primeiras colisões a 13 teraelectrões-volt. Experiências recomeçam em Junho.

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O LHC está debaixo de terra na fronteira entre a Suíça e a França Denis Balibouse/Reuters

Depois de ter estado parado durante dois anos, o maior acelerador de partículas do mundo, no Laboratório Europeu de Física de Partículas (CERN), bateu um novo recorde na quarta-feira à noite. As partículas colidiram entre si a uma energia de 13 teraelectrões-volt (TeV), anunciou o CERN.

O acelerador do CERN, chamado Large Hadron Collider (LHC), é uma espécie de anel gigante com uma circunferência de 27 quilómetros, construído a 175 metros de profundidade, na fronteira entre a Suíça e França, perto de Genebra.

Nesta máquina, os feixes de protões viajam em sentidos opostos, quase à velocidade da luz, para chocarem num dado ponto a altas energias. Dessas colisões resultam novas partículas, registadas por enormes detectores ao longo do acelerador, que permitem aos cientistas aprofundar os conhecimentos sobre a matéria e a física.

Mas as novas partículas que nascem das colisões dependem da energia dos feixes de protões. Quanto mais energéticas forem as colisões, maior número de partículas que poderá resultar e podem até surgir partículas novas.

Quando abriu, a 10 de Setembro de 2008, o LHC fazia colisões a energias mais baixas. Só em Abril de 2012 é que os choques atingiram oito TeV (oito biliões de electrões-volt), com cada feixe a ter metade de energia. Graças a estes choques mais energéticos, foi possível detectar o famoso bosão de Higgs no Verão de 2012.

Agora, depois de ter estado cerca de dois anos parado para ser aperfeiçoado, os físicos do CERN esperam utilizar o potencial máximo do LHC: atingir colisões de 14 TeV. Mas este caminho é feito por passos, um de cada vez. O LHC reabriu no início de Abril. Nas últimas semanas, os cientistas começaram a testar o aparelho com colisões a energias mais baixas. Só agora é que atingiram os 13 TeV, com cada feixe a 6,5 TeV.

Para já, o objectivo não é fazer experiências, mas testar o equipamento e os detectores. “Sabemos como tudo funcionava em 2012”, diz à BBC “online” Dan Tovey, professor de física da Universidade de Sheffield, no Reino Unido, que trabalha no Atlas, um dos vários detectores do LHC que permitem fazer as experiências. “Muita coisa mudou desde então, tanto com a máquina como com as experiências. Neste momento, o detector não nos está a dar nenhum resultado novo sobre física. Basicamente, está a ajudar-nos a aprender mais sobre o desempenho das nossas experiências.”

Nunca foram feitas colisões a este nível de energia para experiências, que se irão iniciar em Junho. Nessa altura, os feixes irão ter até 2800 protões e os instrumentos vão estar à procura de novas partículas.

“Cada cientista está interessado em certas coisas em particular. Há uma variedade de novos modelos físicos que podem surgir. Mas para ser honesto, não sabemos ao certo o que é que vai surgir, ou sequer se vai surgir alguma coisa”, diz Dan Tovey. “E a melhor coisa que pode acontecer é encontrarmos algo que ninguém previu. Algo completamente novo e inesperado, o que desencadearia um novíssimo programa de investigação na física para anos e anos.”

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